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Grande ABC teme perda de resultados pelo Adolfo Lutz

Sete cidades aguardam análises de pacientes ou vítimas fatais pelo novo coronavírus; São Caetano questiona se testes vão retornar

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
30/04/2020 | 00:01
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Pacientes ou vítimas fatais que aguardam resultados de testes para Covid-19 poderão nunca saber se estiveram com a doença ou morreram em decorrência dela. Isso porque amostras enviadas há semanas pelas sete prefeituras para o Instituto Adolfo Lutz, na Capital, seguem sem resposta mesmo, a ponto de a secretária de Saúde de São Caetano, Regina Maura Zetone, questionar se as demandas retornarão aos municípios. Concomitantemente, o centro de pesquisas diz que, desde a semana passada, zerou a fila de espera.

O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) notificou o MP (Ministério Público) no dia 10, afirmando que em fiscalização realizada no Adolf Lutz encontrou problema de armazenamento de milhares de amostras – cerca de 20 mil. Estas, se acondicionadas de maneira incorreta, podem perder a capacidade de avaliação e, assim, acabam tendo de ser descartadas.

São Caetano, por exemplo, afirmou ter 349 exames em espera e mais oito óbitos para serem confirmados. “Temos casos que são suspeitos, não têm resultado e não sei se vão ter”, afirmou Regina Maura. Assim, o município buscou alternativas e fechou parcerias com os laboratórios da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e da USP. “Preferimos isso do que esperar meses por um resultado que talvez nunca saia, parece que por deficit de conservação perderam muitos testes”, sugeriu a secretária.

Outra medida tomada em São Caetano foi refazer a testagem em todos que aguardam os resultados – segundo a Prefeitura, tal iniciativa começou nesta semana. “Infelizmente vão ficar em espera as pessoas que o ente se foi, por Covid ou não”, complementou.

“Não temos porcentagem de perda, mas temos relação de pacientes. (Sem os resultados) Quem se curou não será possível saber se teve o vírus e os que foram a óbito também ficarão sem saber”, afirmou o diretor do Civisa (Centro Integrado De Vigilância à Saúde) de São Caetano, Danilo Sigolo.

Na cidade, inclusive, desde sábado vem sendo realizada testagem em massa via drive- thru. Foram feitos 2.921 testes, 67 deles identificando casos positivos. No total são 20 mil exames à disposição.

As outras seis prefeituras do Grande ABC confirmaram ter enviado amostras para o Adolfo Lutz. Todas, entretanto, negaram ter recebido informação sobre perda de amostras. Por outro lado, admitem que aguardam resultados.

Santo André, por exemplo, espera por 458 exames de pacientes e de três de vítimas fatais. São Bernardo espera por 1.820; Mauá, 365; Diadema, 115; Ribeirão Pires, 29; e Rio Grande da Serra, 22. “O município está monitorando estes pacientes e fará novos testes, se necessário”, posicionou-se a Prefeitura são-bernardense.

De acordo com o Instituto Butantan, que responde pelo Adolfo Lutz, possível justificativa para o caso está no sistema de divulgação dos dados, chamado GAL, do Ministério da Saúde, “ uma ferramenta completamente inconsistente e falha, que contabiliza amostras colhidas em duplicidade, por vezes em triplicidade, e mesmo até amostras que foram colhidas, mas nem saíram dos serviços de saúde para análise laboratorial”, afirmou, em resposta ao Diário.

Inclusive, Butantan e Adolfo Lutz estão lançando campanha para coleta, cadastro e armazenamento corretos de amostras. “Todo o processo de testagem tem de ser cumprido corretamente, desde a coleta, passando pelo processamento das amostras, até a comunicação do resultado ao paciente, o ciclo tem que ser completo”, declarou o diretor do Instituto Butantan e coordenador da Plataforma de Laboratórios para Diagnóstico de Covid-19 no Estado, Dimas Tadeu Covas. 




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