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Dança do ventre traz benefícios a idosos de casa de repouso

Em São Bernardo, oficina do típico movimento árabe favorece o trabalho de saúde mental

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
27/02/2018 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


 Se quem canta os males espanta, quem dança também. Isso é o que garantem participantes de oficina de dança do ventre desenvolvida com os 33 idosos que vivem na Casa dos Velhinhos Dona Adelaide, em São Bernardo. A prática é aliada para a reabilitação mental e social dos moradores.

A equipe do Diário acompanhou, ontem, a atividade, que acontece toda última segunda-feira do mês. A ação é promovida pela voluntária e professora da arte Zehour Fawaz Hommaid Alimari, 47 anos. A participação dos moradores deixou nítidos os benefícios da ação. “A dança trabalha a autoestima e faz com que eles (idosos) se sintam bem. Mesmo aqueles que estão na cadeira de rodas conseguem dançar”, fala Zehour, que leciona dança do ventre há duas décadas e, há quatro anos, dá aulas aos residentes do local.

Ruth dos Santos Gonçalves, 77, é exemplo de que a dança dá sentido à vida. A cadeira de rodas não impede a moradora do lar de idosos de fazer o que mais gosta. “Gosto muito de dançar. Desde o tempo de escola sempre era escolhida para as apresentações. Meu corpo é todo ‘quebrado’”, conta ela, referindo-se ao gingado. “Com a cadeira de rodas é mais difícil de dançar, mas mesmo assim dá. Estou viva, então, vamos viver a vida”, completa.

O filho de Ruth, Walter Santos Gonçalves, 64, mostra que o gosto pela dança é hereditário. “Gosto bastante, me sinto muito bem dançando”, salienta.

A dança funciona também como tratamento para as dores. Ao participar da atividade, Fátima Aparecida de Brito Salgueiro, 50, esquece daqueles sintomas que, às vezes, acometem sua coluna. “Quando danço, a dor some, me sinto melhor. (Dançar) Traz alegria”, relata ela, que também aprendeu a tocar derbak, instrumento tradicional na música árabe.

A atividade encanta Terezinha Buzão Ferreira, 75. “Acho lindo a dança e as roupas, mas só com a presença da professora a gente já fica feliz, porque ela passa para nós essa felicidade por seu carinho”, diz.

O psicólogo da Casa dos Velhinhos Dona Adelaide Edson Barros de Araújo, 38, salienta que os benefícios da dança vão além da questão corporal. “Ela agrega cultura, lazer e faz com que os idosos tenham seu direito à cidadania”, pontua.

Com boa parte dos idosos não tendo mais contato com os familiares, Araújo destaca ainda o ganho sentimental que o trabalho proporciona. “Eles se sentem abraçados por essas pessoas que nos ajudam neste trabalho. A dança movimenta muita coisa além do corpo. Movimenta também o coração e a afetividade.”




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