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Carlos Brickmann
Dia D, Hora H
Por Daniel Tossato
29/08/2018 | 06:52
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Agora é hora de começar a campanha verdadeira: sábado, 1º de setembro, começam os 35 dias de propaganda política na TV. O horário gratuito e os anúncios espalhados pela programação normal vêm sendo, a cada eleição, as armas decisivas da campanha. Sim, muita gente hoje se limita à TV aberta; e a força da internet nunca foi tão sensível. Mas a TV aberta tem acesso a maior número de pessoas do que tevês fechadas e redes sociais, somadas. TV mexe com as emoções do público e, na hora H, são as emoções que decidem o voto.
Neste mundo de imagens e sombras, o rei é Geraldo Alckmin, da coligação liderada pelo PSDB, com 44,2% do tempo. O PT (com Lula, ou com o boneco de ventríloquo que falará em seu nome) tem 18,9%. Bolsonaro, que vem bem nas pesquisas, tem 1,2%. Em números absolutos: Alckmin tem 11 minutos de programa por dia, mais 433 anúncios de 30 segundos em 35 dias. O PT tem 4 minutos 44 segundos de programa, mais 185 anúncios. Bolsonaro, 11,6 segundos, mais 11 anúncios – pouco menos de um a cada três dias. Quem ganha? Nunca se sabe: boca de urna pode ser surpreendente. Mas este colunista, que já viu elefante voar e coelho atacar onça, que viu o Santos de Pelé, Pepe e Zito perder de 6 a 4 para o Jabaquara, desde que há horário gratuito nunca viu vitória sem boa TV.
Alckmin é o rei da TV, mas também pode ser surpreendente. Vestiu-se de garoto-propaganda de estatais para debater com Lula, estatizante consagrado. E foi surrado no segundo turno com menos votos do que teve no primeiro.

Temer? Quem é? – 1

Romero Jucá chegou ao governo ao lado de Temer, como seu amigo de fé e irmão camarada. Romero Jucá faz parte do governo porque para ele esta é a condição natural: esteve em todos os governos desde Figueiredo até hoje, com a única exceção do período de Itamar Franco, e sempre em altos cargos.
Mas fim de mandato é fim de mandato: Jucá acaba de deixar o governo e abandonar Temer, segundo diz por divergências – ele, que nunca divergiu de Figueiredo e Collor, de Fernando Henrique e Lula, de Dilma e Temer. Dizem que quer se dedicar à campanha da reeleição, já que as pesquisas o colocam em terceiro quando só há duas vagas, e para ele perder o foro privilegiado não é saudável. Fim de governo é fim de feira. Nem a xepa quer ficar exposta.

Temer? Quem é? – 2

Henrique Meirelles, solidamente ancorado na parte de baixo das pesquisas, girando em torno de 1%, já tem pronto aquilo que chama de seu primeiro programa eleitoral. Veja só, caro leitor, que descuido! Vazou na internet!
Meirelles, que foi até há pouco ministro da Fazenda de Temer, se coloca na faixa de Lula. Pois é: lembra que foi presidente do Banco Central no governo Lula, de 2003 a 2010, desenterra duas antigas gravações em que Lula o elogia, coloca fotos e vídeos de Lula. Temer não aparece. Aliás, quem é esse Temer?

Promessa ou ameaça?
Ciro foi bem na entrevista a William Bonner e a Renata Vasconcelos, no Jornal Nacional. Os dois o entrevistaram com competência, levantando uma série de perguntas difíceis, e Ciro, tranquilamente – calmo! – respondeu sem problemas. Mas fez uma promessa que soa como ameaça: disse que tem cega confiança no presidente de seu partido, Carlos Lupi, PDT. “Lupi terá no meu governo a posição que quiser, porque tenho a convicção de que é um homem de bem”. Pois é: pegou mal. Conforme Bonner lembrou (e Ciro manteve sua opinião), Lupi responde a inquérito no Supremo sobre compra de apoio político para Dilma, é réu por improbidade administrativa no Distrito Federal, foi demitido do Ministério do Trabalho de Dilma por recomendação da Comissão de Ética da Presidência. Ciro negou que ele fosse réu. Ciro violou uma regra básica da política: para mentir, é preciso combinar, e mentir juntos.
Botar a mão no foto por Lupi é namorar o apelido de Capitão Gancho.

Pagando sempre
A coisa foi discreta, passou meio despercebida, mas aquela antipática taxa cobrada pelas companhias aéreas para transportar a bagagem de seus clientes acaba de ser autorizada também para as empresas de ônibus intermunicipais. O decreto 9.475, de 16 de agosto de 2018, assinado pelo presidente Michel Temer, autoriza as empresas a cobrar meio por cento do valor da passagem a cada quilo de bagagem acima de determinada franquia. Mas há uma concessão ao politicamente correto: cadeira de rodas pode ser levada sem taxa extra. É impressionante como as más ideias se espalham rapidamente. A cobrança da taxa por bagagem foi criada para baratear a viagem de quem viaja só com a maleta de mão; e acabou encarecendo a viagem de todos os outros, sem baratear a de ninguém. Ônibus é pior: nele vai quem não pode pagar o avião.

Bem brasileiro
Frase do pensador Georg Lichtenberg (1742-1799), lembrada pelo jornalista Linoel Dias, e que por algum motivo nos fez lembrar do Brasil de hoje: “Quando os que comandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito”. 




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