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Exército filipino pode piorar conflitos religiosos
Do Diário do Grande ABC
21/09/2000 | 09:58
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A ofensiva do Exército filipino contra os rebeldes separatistas muçulmanos que ainda mantêm 17 reféns - quatro deles estrangeiros - na ilha de Jolo pode reavivar as rivalidades entre cristaos do Norte e muçulmanos do Sul das Filipinas, consideram diplomatas em Manila.

``O presidente Estrada correu um grande risco ao lançar, sábado passado, a operaçao militar contra o grupo Abu Sayyaf', declarou um diplomata ocidental, que pediu para nao ser identificado.

``Mesmo os rebeldes parecendo mais motivados pela cobrança dos resgates, (... ) uma operaçao do Exército contra eles reforçará a simpatia da populaçao muçulmana do Sul das Filipinas, que sempre considerou as autoridades de Manila uma força colonizadora', acrescentou outro diplomata.

Os antagonismos entre o Norte cristao das Filipinas e o Sul muçulmano remontam a vários séculos. As potências colonizadoras - primeiro a Espanha, depois os Estados Unidos tentaram sem sucesso pôr fim as veleidades separatistas das regioes muçulmanas do Sul e muitos muçulmanos continuam considerando o poder de Manila uma ocupaçao estrangeira.

A última grande rebeliao separatista muçulmana, protagonizada pela Frente Moro de Libertaçao Nacional (FMLN), que teve início em meados dos anos 70, só teve soluçao com a assinatura de um acordo de paz em 1996, conseguido com a mediaçao da Líbia. O acordo permitiu aos muçulmanos obter um estatuto de ampla autonomia em uma parte da província de Mindanao, bem como na ilha de Jolo, atacada pelo Exército.

A rebeliao causou de 50 mil a 60 mil mortes, segundo estimativas oficiais. O acordo de autonomia, que deveria permitir o desenvolvimento econômico da regiao, até agora nao deu resultado neste terreno e o Sul das Filipinas continua sendo a regiao mais pobre do país.

Por outro lado, as negociaçoes complementares, destinadas a ampliar a autonomia de outras regioes de maioria muçulmana e definir as ajudas governamentais que permitiriam reduzir a pobreza, previstas para o início deste ano, nao aconteceram.

A chegada ao primeiro plano do grupo Abu Sayyaf e os importantes resgates obtidos com a libertaçao dos reféns estrangeiros valeram aos rebeldes um forte apoio da populaçao de Jolo, que se beneficia da recente riqueza dos separatistas. A cumplicidade entre populaçao e rebeldes poderá ser reforçada se a operaçao militar em andamento fizer muitas vítimas no campo civil.




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