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Celebrando o amor

Casamentos no Grande ABC aumentam 88% e mostram retomada de patamar pré-pandemia

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
26/10/2020 | 00:01
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André Henriques/DGABC


A retomada gradual das atividades econômicas no Estado de São Paulo e no Grande ABC tem se refletido no aumento no número de casamentos realizados em cartórios, de acordo com dados da Arpen-Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais). Os registros de setembro mostram que a região já se aproxima do movimento semelhante ao período pré-pandemia. Entre as sete cidades, desde o início da crise sanitária da Covid, o pior mês foi junho, com 505 uniões celebradas. Já no mês passado, o número saltou para 951, avanço de 88% e próximo da marca de março, quando foram realizados 1.180 casamentos.

Os dados constam na Central Nacional de Informações do Registro Civil, base de dados dos atos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada Arpen-Brasil. Em abril deste ano, foram realizados 9.341 casamentos em território estadual, número 52,8% menor que o registrado no mesmo mês do ano passado, quando houve 19.816 celebrações. Já setembro foi o mês responsável pelo recorde do índice desde o início da pandemia, com 17.239 casamentos feitos pelos cartórios – começando a se aproximar das 22.924 uniões realizadas no mesmo mês do ano passado.

O motorista de aplicativo Wesley de Santos Jarmer, 33 anos, casou-se na quinta-feira, em Santo André, com a cuidadora de idosos Luane Medeiros Brandão Jarmer, 24. Os dois se conheceram em julho, e mesmo com pouco tempo de relacionamento, decidiram oficializar a união. “Eu o conheci em um momento muito triste, havia acabado de me separar após ter sido agredida. Esqueci meu telefone no carro dele e foi assim que começamos a conversar”, relembrou, ressaltando que a história que começou em um período difícil da sua vida, estava tendo um final – e um reinício – feliz. O casal já tem filhos de relacionamentos anteriores; ela tem três e ele tem dois.

O assistente de logística Luan Martins, 29, e a desempregada Cristiane Ferreira, 27, também oficializaram a união na quinta-feira. O casal já se conhecia há vários anos, mas apenas há quatro meses começaram a namorar. “A gente se reencontrou pelas redes sociais. Adiamos o encontro pessoalmente porque eu tive Covid-19. Foi só o tempo de eu me recuperar que saímos para jantar e resolvemos ficar juntos”, afirmou Cristiane, que já tem um filho de 11 anos do primeiro casamento.

Segundo o presidente da Arpen-SP, Gustavo Fiscarelli, os dados mostram que, aos poucos, os brasileiros buscam retomar a realização de seus planos e o sonho de uma vida a dois é uma das metas a serem buscadas. “O casamento é um dos eventos mais significativos da vida civil de uma pessoa, assim como são os registros de nascimento e de óbito, por exemplo”, detalhou. “Por serem responsáveis por todos esses atos, os Cartórios de Registro Civil continuam exercendo suas atividades mesmo durante a pandemia, mas, para isso, tomamos todas as providências cabíveis para que a segurança do usuário esteja sempre em primeiro lugar nesses momentos tão importantes”.

Cancelamentos das cerimônias afetaram fotógrafos

Se para os noivos houve bastante frustração e expectativa com o adiamento dos casamentos em decorrência da pandemia de Covid-19, para os fotógrafos profissionais, que trabalham registrando as cerimônias, os primeiros meses após a confirmação de contaminações entre brasileiros foi de quase nenhum trabalho. 

Atuando nos cartórios de Santo André há 40 anos, José Benedito Urias, 68, afirmou que nunca havia passado por período tão difícil nem nas piores crises econômicas que o País já enfrentou. “Março, abril e maio, praticamente não teve nada. Alguns foram adiados, outros cancelados. Agora que a gente está sentindo a retomada e acredito que até o fim do ano já volte ao que era antes”, afirmou.

Com menos tempo de experiência, mas também sentindo os efeitos da retomada dos casamentos, o fotógrafo Lucas Ferreira dos Santos, 24, acredita que muitas cerimônias devem ser realizadas em janeiro e fevereiro, meses em que normalmente não são realizados muitos casamentos. “Acredito que até o fim do ano e começo de 2021 as cerimônias se aproximem da normalidade”, concluiu.

Brasil já registrou mais de 127 mil uniões civis homoafetivas

A união estável entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar foi reconhecida no Brasil em 2011, após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Em 2013, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), por meio da Resolução número 175, regulamentou a habilitação, a celebração de casamento civil, e a conversão de união estável em casamento aos casais homoafetivos. Desde então, já foram realizadas 127.217 uniões civis entre casais homoafetivos, até setembro deste ano.

Nesta semana, a declaração do papa Francisco de aprovação à união civil entre pessoas do mesmo sexo repercutiu em todo o mundo. A posição do pontífice, revelada em documentário exibido no Festival de Cinema de Roma, destaca que “os homossexuais têm o direito de ter uma família. Eles são filhos de Deus”, disse Francisco em uma de suas entrevistas para o filme. “O que precisamos ter é uma lei de união civil, pois dessa maneira eles estarão legalmente protegidos”, completou o líder da Igreja Católica.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que os casamentos homoafetivos vêm aumentando ano a ano desde sua regulamentação, com crescimento ainda mais considerável nos últimos anos. Enquanto em 2017 foram realizados 5.887 casamentos, em 2018 esse número foi para 9.520, um aumento percentual de 61%. Já em 2019, o número saltou para 12.896, com um aumento de 35% em relação a 2018.

“Os cartórios brasileiros estão presentes em todos os municípios do País, sendo que em muitos deles são a única presença jurídica do Estado para auxiliar a população a ver seus direitos concretizados”, explicou o presidente da Anoreg/BR (Associação dos Notários e Registradores do Brasil), Claudio Marçal Freire. “O reconhecimento às uniões civis entre pessoas do mesmo sexo já é uma realidade que vem sendo praticada por todos os cartórios brasileiros desde 2011, portanto há quase 10 anos, de forma desburocratizada e célere, mas sempre de acordo com as regras jurídicas estabelecidas”, completou.




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