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Os convívios em seus cuidados pandêmicos
Antonio Carlos do Nascimento
26/10/2020 | 00:01
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Compreender a transmissão da Covid-19 permite a criação de protocolos de convívio que buscam níveis máximos de segurança.

Cedo foi reconhecido que indivíduos infectados sintomáticos transmitem este vírus através de gotículas emitidas pela tosse e espirro, este entendimento impôs o distanciamento, o uso de máscaras e lavagem frequente de mãos como primeira barricada na proteção contra a doença. 

Tais condutas foram propostas em virtude dessas pequenas gotas se precipitarem rapidamente para o chão e superfícies. Então, a distância aproximada de 1,80 m dificulta que estas secreções nos alcancem, enquanto as máscaras protegem a maior parte da face de eventuais exceções.

Lavar as mãos elimina resíduos contaminados adquiridos em superfícies, mas também por isso, destinamos roupas e calçados para limpeza se permanecemos em ambientes desconhecidos, ainda que tenhamos observado os cuidados básicos anotados anteriormente.

O reflexo palpebral que nos protege de boa parte dos agentes agressores será inútil se esfregarmos a região ocular com mãos contaminadas, ou, se empurramos para dentro dos olhos carga viral que tenha se depositado no entorno.

Adicionalmente, alguns enigmas acerca da contagiosidade da Covid-19 foram desvendados com a constatação de nuvens de coronavírus suspensas no ar em lugares pouco arejados. As microgotículas que compõem esta suspensão viral possuem menos que cinco mícrons de diâmetro (alguns estudos apontam esta dimensão em um mícron), qualidade que lhes protege de precipitação, tal qual ocorre com as emissões de maior volume secretivo.

Esta névoa potencialmente infectante é um componente adicional da tosse e espirro de portadores sintomáticos de Covid-19 sintomáticos, porém, é também proveniente da fala e expiração de infectados com ou sem sintomas.

Estas observações nos impõem novas pontuações protetivas quando imaginamos o descarte eventual de máscaras, como se dá em restaurantes ou reuniões de pessoas para variados propósitos. Desmascarados estamos desprotegidos da inalação dessa poeira de coronavírus que pode estar pairando diante de nossas narinas.

Evitar ambientes fechados é boa norma, contudo, o uso de ventilação e limpeza depurativas providenciais nos períodos que separam reuniões entregarão condições saudáveis continuamente.

Após um primeiro encontro, o recinto deve ser fortemente ventilado em direção a área externa e aerossóis de álcool 70 % lançados por todo o espaço e superfícies. Correntes de ar naturais ou originadas em aparelhos podem transportar nuvens virais entre setores do local e não devem ser utilizadas durante o evento.

A falta de sincronia na ocupação entre as mesas impede que restaurantes utilizem a ventilação como recurso de purificação, restando, porém, a nebulização e limpeza de superfícies com soluções alcoólicas (ou alternativas). 

Para convívios nestas situações, além do afastamento relativo, deve ser considerado permanências menores que duas horas, tempo provável de adensamentos de nuvens a partir da fala e respiração de possíveis infectados assintomáticos.

Locais ao ar livre devem ser preferidos quando vislumbramos permanências longas, contudo, sem a proteção das máscaras, os participantes devem manter obediência ao distanciamento, assim como evitar contatos. As falas devem ser parcimoniosas e em volume baixo para evitar a emissão generosa de aerossóis, cuja concentração pode não ser facilmente dispersa pelo arejamento local. 

Portar doença crônica ou debilitante, apresentar pródromos de síndrome gripal ou contato recente com paciente diagnosticado com Covid-19, sugerem que o envolvido decline da congregação.

O restante é o imprevisível e para este não precisamos sair de casa. 

Antonio Carlos do Nascimento é doutor em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.




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