Jefferson barrou aliança em S.Bernardo, mas resolução pode causar crise em outras cidades do Grande ABC
A decisão do presidente nacional do PTB, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, em barrar a aliança de seu partido com o PT em São Bernardo criou clima de instabilidade na sigla petebista no Grande ABC. Isso porque a resolução na qual Jefferson se baseou para impedir o elo em São Bernardo veda parcerias com PSDB e DEM.
Na quinta-feira, Jefferson publicou nota anulando a convenção do PTB em São Bernardo, que encaminhou a advogada Ana Paula Lupino (PTB) como vice do ex-prefeito Luiz Marinho (PT), candidato ao Paço neste ano. A alegação foi a que a deliberação municipal confrontou a resolução nacional 89/2020, anunciada no dia 4 de setembro.
Essa resolução impede alianças eleitorais, além de com o PT, com PSDB, DEM, Psol, PDT, PCdoB, Rede, PSB, PCB, PSTU e PCO. Além de partidos de esquerda, o documento busca inviabilizar elos com legendas potenciais adversários do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022 – Jefferson está na linha de frente da defesa do bolsonarismo.
No Grande ABC, dois vice-prefeitos do PTB são aliados de prefeitos do PSDB – Luiz Zacarias (PTB) é número dois de Paulo Serra (PSDB), em Santo André, e Gabriel Roncon (PTB) está ao lado de Adler Kiko Teixeira (PSDB), em Ribeirão Pires.
Além dessas duas cidades e de São Bernardo, a determinação nacional colocou em xeque recente aliança do PTB e PT em Mauá – o ex-deputado federal Wagner Rubinelli (PTB) retirou sua candidatura a prefeito mauaense para apoiar o vereador Marcelo Oliveira, prefeiturável petista.
Durante o dia, os diretórios locais dos partidos envolvidos quebraram a cabeça sobre como resolver os impasses. Ainda mais porque o deputado estadual Campos Machado, presidente paulista do PTB e secretário geral do partido nacionalmente, ficou incomunicável – ele não respondeu aos questionamentos da equipe do Diário.
Sem um posicionamento formal do PTB, surgiram várias teses. Uma de que a anulação das convenções feria a Lei de Eleições por ser publicada em período inferior a 180 dias do pleito. Outra de que parcerias firmadas em 2016 – como a de Paulo Serra e Kiko, que caminham para a reeleição com a mesma chapa – estariam fora da nova regra.
Houve dirigente que apontou contradição de Jefferson. Isso porque sua filha, a ex-deputada federal Cristiane Brasil, foi confirmada como candidata do PTB à prefeitura do Rio de Janeiro mesmo estando presa – foi detida na semana passada, acusada de participar de suposto esquema que desviou R$ 30 milhões dos cofres públicos do Estado e da prefeitura, o que ela nega.
O PT de São Bernardo optou por não correr riscos. Já decidiu tirar Ana Paula Lupino da vice de Marinho e vai procurar uma mulher para compor a chapa. Surgiu especulação sobre indicar a ex-deputada Ana do Carmo (PT), tese já rejeitada. A vice virá de uma sigla aliada.
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