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Após despejo da Prefeitura, famílias passam dificuldades

Administração de S.Bernardo retirou pessoas de terreno para construção de base do Samu

Por Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
11/01/2020 | 05:00
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Denis Maciel/DGABC


 Para construir base do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) no Centro, a Prefeitura de São Bernardo desalojou 11 famílias que viviam em posto de gasolina em fevereiro de 2018. À época, a administração garantiu que não deixaria os moradores desamparados. Entretanto, quase dois anos depois, as pessoas que viviam no local desde 2011 enfrentam dificuldades em razão da falta de moradia.

Apenas seis famílias receberam auxílio-aluguel, de aproximadamente R$ 300, por três meses, já que as demais não conseguiram comprovar residência no endereço. Após o término do benefício, foram deixadas “à mercê da sorte”, conforme Michaela Cardoso de Sá, 26 anos. “O prefeito (Orlando Morando, PSDB) chegou e expulsou todo mundo. Ele disse que ia ajudar, gravou vídeo prometendo, mas, na prática, foi só o auxílio-aluguel.”

A mulher, que tem filhas de 5 e de 7 anos, perdeu o emprego devido ao despejo, pois o restaurante onde trabalhava contrata apenas pessoas que moram próximas, sem necessidade de vale-transporte. “Acabei alugando (por R$ 400) um barraco na Vila São Pedro e, desde então, estou vivendo de bicos”, contou. Atualmente, ele busca doação de cesta básica para garantir as refeições do mês.

Já o nutricionista desempregado Renato Martins, 33, corre o risco de despejo da pensão, no Nova Petrópolis, onde mora desde que foi retirado do posto de gasolina. A dívida com o locatário é de R$ 800, ele deve sair da residência até amanhã e, sem ter para onde ir, retornará às ruas.

Ele faz malabarismo no semáforo, onde arrecada o suficiente para as refeições diárias. Ainda que tenha ajuda de uma academia, que encaminha alunos que desejam atendimento nutricional a ele, as consultas são raras – em média, uma por mês – e rendem R$ 40 cada. “Estou matando dois leões por dia.”

Segundo Michaela e Martins, ao procurar o serviço social da cidade, são informados de que a situação não se encaixa nos requisitos para inscrição em programas da área. Eles contam que foram morar no posto de gasolina após autorização do zelador do espaço. As famílias foram retiradas do local pela Prefeitura em ação de posse de terrenos inadimplentes. A base do Samu fui inaugurada em setembro de 2019. 

A administração informou que o atendimento foi de acordo com a lei 5.617/2016, que determina pagamento de benefício em caráter transitório por até três meses. A orientação é que as pessoas em situação de vulnerabilidade procurem os Cras (Centros de Referência de Assistência Social) da cidade.




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