Economia Titulo Feriado
Trabalhador não tem o que comemorar no 1º de Maio

Categorias se manifestam contra demissões,
aumento da inflação e retração na economia

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
01/05/2015 | 07:22
Compartilhar notícia
Orlando Filho/DGABC


Apesar das festas programadas para hoje no Grande ABC e na Capital, o trabalhador não tem o que comemorar neste 1º de Maio. A começar pelo alto índice de desemprego. Segundo a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), 147 mil pessoas estão fora do mercado de trabalho nas sete cidades – acréscimo de 9.000 de fevereiro para março.

Com a taxa básica de juros (Selic) a 13,25% e a inflação de 12 meses acumulada em 8,13% ao ano, conforme o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o poder de compra da população diminuiu, o que gera consequência negativa para todos os setores da indústria.

Para piorar ainda mais a situação do proletariado, tramitam no Congresso Nacional medidas provisórias com o objetivo de endurecer as regras de acesso ao seguro-desemprego e alterar itens da legislação relacionada à Previdência Social. Outra matéria que já foi aprovada pela Câmara e aguarda aprovação no Senado é o PL (Projeto de Lei) 4.330/2004, que regulamenta as terceirizações no País.

“É um dia de mobilização e de luto pelos projetos que visam retirar direitos da classe trabalhadora”, resume o presidente do Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região, Marcio Ferreira. A entidade é filiada à Força Sindical, cujo presidente licenciado é o deputado federal Paulinho da Força (SD-SP), que votou a favor ao PL 4.330. “A questão da terceirização estava na pauta do STF (Supremo Tribunal Federal) e o texto era muito pior do que o projeto da Câmara. Então, a Força e outras centrais apresentaram emendas para que os trabalhadores não fossem tão prejudicados.”

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, José Braz da Silva, o Fofão, apesar de também ser filiado à Força, critica o PL. “Sou diretor sindical há 22 anos e sempre fui contra a terceirização, pois gera precarização da mão de obra. Não teria sentido mudar de opinião agora.” Sobre o 1º de Maio, considera que “os trabalhadores não podem pagar pela crise.”

Os ajustes fiscais planejados pelo governo federal para minimizar os efeitos da crise e retomar o crescimento da economia brasileira irritam, inclusive, sindicalistas filiados à CUT (Central Única dos Trabalhadores), que é ligada ao PT. “O governo tem que ouvir a voz dos trabalhadores que o apoiaram. A Dilma deve estar com algum problema de audição, porque ela não está ouvindo (as reivindicações)”, critica o diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges Júnior.

Outro ponto a ser debatido nos atos de hoje, segundo Selerges Júnior, é a necessidade de “proteção à democracia”. “Uma pessoa em sã consciência não pode pedir a volta de um regime ditatorial, onde as pessoas são perseguidas. Os trabalhadores têm que tomar cuidado e fazer a manutenção das conquistas históricas, e a democracia é uma delas.” A declaração foi dada em respostas às recentes manifestações ocorridas em diversas cidades do Brasil, em que alguns participantes defenderam o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e outros, mais radicais, reivindicaram uma intervenção militar.

Para o presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, Eric Nilson, o momento é de a classe trabalhadora pressionar o Senado para que não aprove o PL 4.330. “Se for necessário, vamos pressionar a própria presidente, para que vete o projeto.” Ele avalia que o 1º de Maio deste ano é de “mobilização”. “Nossos direitos estão sendo atacados.”

Além das pautas defendidas pelos sindicalistas, o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Raimundo Suzart, afirmou que a categoria irá se “solidarizar” com os professores das redes estaduais de São Paulo e do Paraná. Na quarta-feira, docentes entraram em confronto com a polícia em Curitiba. Segundo a prefeitura local, 213 pessoas se feriram.


CUT fará dois atos na região; Força terá evento na Capital

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) fará dois atos em São Bernardo para marcar o 1º de Maio, um no Jardim Palermo (Avenida Luiz Pequini, 700) e outro no Jardim do Lago (Rua Ministro Edgar Rocha, 35). Ambos começarão às 10h e deverão acabar por volta de 21h. Tradicionalmente, as festas da CUT no Grande ABC aconteciam no Paço Municipal de São Bernardo, mas o local está interditado em razão de obras para construção de piscinão.

No Jardim Palermo, se apresentarão artistas como Turma do Pagode, Negra Li, Dudu Nobre e Rappin’Hood. No Jardim do Lago os shows são dos cantores Arlindo Cruz, Almir Guineto, Edi Rock e Afro-X. Ambos têm entrada franca.

A CUT também fará ato no Vale do Anhangabaú, na Capital, em parceria com as centrais CTB e Intersindical, além de movimentos sociais e estudantis. Está prevista a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Artistas como Leci Brandão, Rappin’Rood e Alceu Valença irão se apresentar.

A Força Sindical concentrará os atos na Praça Campo de Bagatelle, na Zona Norte da Capital. Serão sorteados 19 veículos Hyundai HB20. Participarão o senador e candidato derrotado a presidente em 2014, Aécio Neves (PSDB), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), e o ministro do Trabalho, Manoel Dias.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;