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'Queria melhorar e ir logo para casa'
Por Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
19/12/2004 | 13:14
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A primeira-dama de São Caetano, Avelina Capovilla Tortorello, fez neste sábado breve comentário sobre os últimos dias de vida do marido, o prefeito Luiz Olinto Tortorello, 67 anos, morto na tarde de sexta-feira em decorrência de câncer gástrico. Com frases pausadas e carregadas de tristeza, Avelina resumiu os 31 dias de internação do prefeito no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. "Ele ficou consciente o tempo todo, conversamos muito. Não deixou ninguém visitá-lo, porque queria melhorar e ir logo para casa, para então falar com os amigos. Infelizmente não deu, foi muito rápido (o avanço da doença)", disse Avelina durante o velório, na manhã de sábado, no Paço Municipal. O casal completaria neste sábado 43 anos de casamento.

Diagnosticado há cerca de 90 dias, o câncer gástrico que acometeu Tortorello se espalhou rapidamente pelo aparelho digestivo, pulmão e outros órgãos. A família do prefeito, claramente abatida, passou toda a madrugada de sexta-feira para sábado no velório. Entre as autoridades que prestavam sábado de manhã as últimas homenagens a Tortorello estava o prefeito de Santo André, João Avamileno (PT).

Para expressar a relação amistosa com o prefeito de São Caetano, Avamileno contou episódio ocorrido em setembro do ano passado. Na época, havia boatos de que Tortorello iria transferir seu título de eleitor para Santo André, com intenção de concorrer à Prefeitura da cidade. "Ele então me ligou e disse que eu poderia ficar tranqüilo, porque não pretendia disputar o cargo. E completou dizendo que respeitava o meu trabalho. Achei uma ética formidável", afirmou Avamileno.

O prefeito de Santo André também fez elogios à administração Tortorello. "Não poderia deixar de vir (ao velório). Vou sentir falta da presença dele na região. Admirava a forma como o Tortorello era um homem firme na questão financeira."

Outra personalidade respeitada em São Caetano que marcou presença neste sábado no velório do prefeito foi o vice-presidente da General Motors do Brasil, José Carlos Pinheiro Neto. O executivo considera a morte de Tortorello uma inestimável perda para São Caetano. "Para ele, nada era impossível. Foi assim que conseguiu fazer a cidade ter os melhores índices de qualidade de vida no país", comentou Pinheiro Neto. O vice-presidente da montadora também lembrou das vezes que foi pescar com Tortorello no Pantanal do Mato Grosso, em programa da GM. "A última pesca foi em abril deste ano, sentirei saudades."

O ex-prefeito de São Caetano Raimundo da Cunha Leite (mandato de 1977 a 1982), ressaltou o sentimento de perda. "Para a cidade, ele ainda tinha muito a fazer", disse Cunha Leite (PMDB).

"A melhor qualidade do Tortorello era a segurança que transmitia às pessoas", avaliou o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura. "Ele poderia ter sido governador do Estado", completou. Para o assessor jurídico do gabinete do prefeito de São Caetano, Antonio Gusman Filho, é normal a cidade "sofrer um baque" com a morte de Tortorello. "Mas acredito que vamos nos reerguer com base no que ele fez e no que nos ensinou."




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