Política Titulo Entrevista
Estado confirma estudo de parque no Trecho Sul do Rodoanel
Aurélio Alonso
Monise Centurion
Da APJ
01/06/2009 | 07:01
Compartilhar notícia


O secretário da Casa Civil do governo de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira, confirmou que o Estado pretende fazer um parque no Trecho Sul do Rodoanel, que passará pelo Grande ABC. O projeto foi divulgado com exclusividade pelo Diário no dia 25 e está em fase de estudos. Nunes também reforçou a posição do governo com relação ao Hospital Nardini, em Mauá, que é contrário à estadualização, e atacou um possível terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para ele, será uma agressão à Constituição se isso acontecer. Homem forte do governador José Serra (PSDB), cogitado para disputar a sucessão paulista em 2010, Aloysio nega a pretensão da pré-candidatura. "O relógio da eleição foi adiantado pelo presidente Lula", atacou.

Durante uma hora e meia, em entrevista exclusiva à APJ, no Palácio dos Bandeirantes, na Capital, Aloysio também garantiu não ter medo da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instalada pela Assembléia Legislativa para investigar fraudes em contratos firmados pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). "Não temos nada a esconder", afirmou.

A seguir os principais trechos da entrevista.

APJ - Há previsão de o governo estadual mudar de postura e assumir o Hospital Nardini?
ALOYSIO NUNES -
Temos dois hospitais importantes na região, em Diadema e Santo André. Temos investido e ajudado o Hospital Nardini desde o início da gestão Serra; R$ 18,5 milhões já foram repassados. Estive há pouco tempo com o diretor do Hospital Mário Covas e ele me disse que há uma comissão para estudar um plano gestão, do qual estamos dispostos a ajudar. Mas não há estadualização.

APJ - Tivemos acesso a um documento que mostrava a construção de um parque no Trecho Sul do Rodoanel. O governo, oficialmente, não confirma, mas como está o projeto?
ALOYSIO -
É uma idéia, mas estamos começando os estudos.

APJ - Há um movimento para o terceiro mandato do presidente Lula? Como o senhor vê essas articulações?
ALOYSIO -
É uma agressão à Constituição. Acredito que o presidente é sincero quando diz que não quer (mais um mandato). Tenho muitas críticas à sua gestão, mas não tenho nenhuma dúvida quanto ao seu compromisso com a democracia.

APJ - Quais são as críticas?
ALOYSIO -
Vejo problemas especialmente na gestão do ponto de vista econômico. Perdemos oportunidades de crescer mais no momento de grande prosperidade mundial, por conta de câmbio equivocado. Acho que o governo Lula abusa do incremento de custeio e os investimentos públicos têm nível decepcionante. Acho que ele acordou tarde para o problema habitacional. Depois de seis anos e meio lançar uma política habitacional é uma descoberta tardia. O PAC desembolsou até agora só R$ 16 bilhões. Nos primeiros anos, já investimos R$ 20 bilhões no Estado. No tema político, acho que ele cometeu um erro grave que foi o aparelhamento pelo PT de órgãos que já estavam fora do chamado mercado político.

APJ - O senhor se vê como pré-candidato ao governo do Estado?
ALOYSIO
- Não sou neste momento pré-candidato. Agora, sou secretário-chefe da Casa Civil do governo Serra. Essa decisão de ser candidato ou não vai depender de muita coisa, inclusive da decisão do governador de vir a ser candidato a presidente. Acho que seria absolutamente prematura e incompatível com a minha função estar hoje como pré-candidato do governo.

APJ - Até que ponto pesquisas como a recente do Datafolha, que apontam o ex-governador Geraldo Alckmin em melhor situação que o senhor, podem influenciar na definição do PSDB?
ALOYSIO -
Inegavelmente o Alckmin tem prestígio político, é um nome conhecido, foi um bom governador e disputou recentemente eleições majoritárias. Sou um político mais dedicado à articulação, com uma longa vida parlamentar. Mas o fato é que qualquer pesquisa feita neste momento, fora de um contexto eleitoral, não é decisiva.

APJ - O senhor poderia ser candidato a uma vaga no Senado e o Alckmin sairia como governador?
Aloysio
- Tudo isso é prematuro. O relógio da eleição foi adiantado pelo presidente Lula. Desencadeou uma série de especulações e articulações que, na minha opinião, são prejudiciais para quem está governando.

APJ - Por que existe dificuldade do PSDB se compor às vésperas de eleições. Foi assim para prefeito da Capital e está sendo assim para presidente com o embate entre Serra e Aécio Neves. Isso não ajuda a oposição?
ALOYSIO -
O PSDB não enfrentará nenhum problema na escolha do candidato a governador. Vamos estar unidos, qualquer que seja o escolhido. Acho muito bom para o partido o fato de ter Serra e Aécio como eventuais candidatos à presidência, pois são dois governadores de prestígio, bem avaliados e dos dois principais Estados brasileiros. Não vejo como isso possa atrapalhar.

APJ - Em ano pré-eleitoral, como fazer a máquina pública funcionar sem que a agenda política contamine as ações oficiais?
ALOYSIO -
É preciso ter espírito público. Governar naquilo que é essencial. Não há uma receita. Acho que o mais importante é colocar o interesse geral acima do interesse partidário e não discriminar no trato com os municípios aqueles que são partidários do governador e aqueles que militam em partidos de oposição.

APJ - Pode ter uma dobradinha com o PTB?
ALOYSIO -
Temos na Assembleia Legislativa uma base de sustentação muito ampla, integrada pelo PTB que, aliás, apoiou o governador Serra na eleição. Mas não há ainda discussão sobre composição de chapas.

APJ - A Assembléia instalou a CPI da CDHU para investigar fraudes em contratos. O governo teme a CPI?
ALOYSIO -
Não. O fato é que, se você ler o requerimento de instalação da CPI, ela não tem um objeto claro. Acho que a comissão vai determinar qual será o seu foco. Ela foi protocolada no início de 2007, o que não pode é ser uma atribuição geral de investigações. Mas não temos nada a esconder.

APJ - Tivemos dois episódios ligados à Educação. Um deles, inclusive, provocou a demissão da secretária Maria Helena Guimarães de Castro. Parece que não houve cuidado na escolha de livros didáticos?
ALOYSIO
- Evidentemente que estes livros não deveriam ser entregues à rede escolar, nem para criança nem para jovens do Ensino Médio. Os autores, ao fazerem o seu trabalho, pensavam em outro público. Agora, está sendo apurado o que aconteceu, quem fez essa escolha. O Serra ficou absolutamente indignado com isso. Temos na Educação de São Paulo tanta coisa nova e boa para mostrar, que isso é apenas um detalhe desagradável, mas que não pode ser subestimado, porque diz respeito a escola. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;