Cultura & Lazer Titulo Música
Bom mergulho no jazz
Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
12/12/2011 | 07:00
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Divulgação


"Eu descubro canções brasileiras até hoje, novas canções, que são velhas, claro. Há dois anos descobri Cartola". Isso explica o tempero brasileiro na música da cantora norte-americana Stacey Kent. Envolvente, delicado e encantador, 'Dreamer In Concert' (EMI, R$ 30,90 em média), seu primeiro álbum ao vivo após oito de estúdio, promove deliciosa viagem sonora.

Gravado ao vivo em abril, no teatro La Cigale - escolhido a dedo pela cantora -, em Paris, o concerto proporciona delicioso mergulho no jazz com toques de bossa nova e breve passeio pelo universo da música francesa.

Arranjos cuidadosos de piano remetem à musicalidade da década de 1940 com a composição 'It Might As Well Be Spring', tema do filme 'State Fair', de 1945. Ao lado do marido e saxofonista Jim Tomlinson, do pianista Graham Harvey, Brown, do contrabaixista Jeremy Brown e do baterista Matt Skelton, Stacey traz clima intimista ao espetáculo.

O passeio segue com a belíssima 'Ces Petits Riens', de Serge Gainsbourg. Arranjada com vasssourinha na bateria, notas marcantes de contrabaixo e lapidada pela doce voz de Stacey, é um dos destaques da obra.
Transportar energia e clima delicado do show para o CD foi preocupante para Stacey. "Estava preocupada no início. Não gosto de pensar enquanto canto. Gosto de sentir a letra. Eu não queria ficar pensando ‘estou gravando, estou gravando'. Mas isso não aconteceu", revela a artista.

Entre os recheios do álbum, canções do brasileiro Tom Jobim - forte influência na música de Stacey - e de Vinícius de Moraes e Baden Powell. 'Corcovado' ganha releitura educada com arranjos certeiros e dignos, capazes de deixar qualquer amante da música brasileira sem ar por bons instantes.

Stacey ainda tirou do bolso 'Waters of March' - versão em inglês para 'Águas de Março', de Tom Jobim. A paixão entre ela - que fala português muito bem - e a música brasileira aconteceu ainda aos 14 anos. "Estava em casa e tocava uma gravação de Stan Getz com João Gilberto. E eu ouvi pela primeira vez a voz de João Gilberto e pensei ‘Deus, o que é isso?'. Me apaixonei imediatamente", diz.

Ainda coube 'Samba Saravah, cantada em francês, da dupla Vinícius/Powell ao lado de Pierre Barouh. Mas não é só de releituras que respira o álbum. Romântica, 'Postcard Lovers', escrita pelo marido de Stacey, tem belo solo de saxofone. A banda apresenta também as autorais 'Breakfast In The Morning' - de acentuação forte nas notas - e 'O Comboio', escrita em parceria com o português Antonio Ladeira.  

Mais do disco:
A sonoridade -
Stacey escolheu o La Cigale, em Paris, por conta da sonoridade - uma das melhores salas do mundo segundo a cantora. O resultado é disco com captação de som limpa, perfeita.

Waters of March - Versão para a canção de Tom Jobim ganha vida, brilho e charme na voz de Stacey. "É uma canção que fala exatamente da nossa vida, das coisas que acontecem durante a vida, as mais importantes."

O Comboio - Autoral, é cantada em português. Traz arranjos tensos, fortes.

Dreamer - Uma das mais delicadas do repertório. Quem dita as regras é o violão, ao lado da suavidade da voz de Stacey, um dos destaques.




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