Setecidades Titulo Crise na saúde
Faxineiras paralisam serviço no Nardini
William Cardoso
Do Diário do Grande ABC
27/01/2009 | 07:00
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A paralisação no setor de limpeza nessa segunda-feira foi mais um capítulo na crise que atinge o Hospital Doutor Radamés Nardini. As faxineiras de braços cruzados na escadaria principal da unidade reivindicavam o pagamento integral do salário, atrasado desde o dia 15. A situação crítica obrigou enfermeiras a realizar a higienização do local, inclusive no setor de emergência.

O atraso no repasse de recursos da Prefeitura de Mauá para a Claer, empresa responsável pelo serviço de limpeza do hospital, chega atualmente a dois meses. Isso tem provocado frequentes interrupções no serviço desde setembro. As faxineiras lutam para receber o salário-base de R$ 437,72. Também querem o vale-transporte, pago de forma intermitente, e cesta-básica, que não chega há três meses.

Na quarta-feira, a Claer fez o depósito de apenas 30% do salário, e com seis dias de atraso. Isso provocou a intervenção do Siemaco-ABC (Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviço). "Sabemos que a atual gestão tem um problema nas mãos, mas os trabalhadores continuam sofrendo", disse o secretário-geral da entidade, Edinaldo de Oliveira. Até o pagamento dos atrasados, serão oito faxineiras por turno em pontos essenciais do Nardini - normalmente são 18.

A Claer informa que tem feito o possível para honrar os compromissos com os funcionários, mas que a situação é crítica. "Estamos sempre no limite. Vivemos de contrato público. Se não pagam, fica difícil", explica Antonio Eduardo Affonseca, diretor da empresa, que tem sede em Maceió.

Affonseca diz ainda que entende as dificuldades da atual gestão neste início de ano. O diretor da Claer promete o pagamento dos 70% restantes até hoje.

A Prefeitura de Mauá informa que o que resta a pagar da administração Leonel Damo (PV) estão orçados em R$ 132.958.491,37, e que o contrato com a Claer é mais um entre os atrasados. Amanhã, reunião entre o secretário de Saúde, Paulo Eugênio, e representantes da empresa deve apontar solução.

Audiência sobre hospital é adiada

Prevista para essa segunda-feira, a audiência entre Ministério Público e Prefeitura de Mauá sobre a crise no Hospital Doutor Radamés Nardini foi adiada para 24 de abril. A administração municipal afirmou que ainda não teve tempo de se inteirar sobre a ação civil. Em julho de 2007, a Justiça concedeu liminar obrigando a resolução dos problemas de infraestrutura e limpeza da unidade, sob pena de multa diária de R$ 10 mil.

O processo foi transferido de Guarulhos para Mauá e ficará sob responsabilidade da promotora substituta da Cidadania, Ana Paula Outeiro Nidalshishi, até a próxima sexta-feira, quando será designado um novo responsável por conduzi-lo. Até a semana passada, o promotor Zenon Lotufo Tertius respondia pela ação.

Tertius informa que, na última semana, recebeu do Cremesp (Conselho Regional de Medicina) relatório feito em novembro sobre as condições do hospital. O conselho teria notado, de forma geral, melhorias em relação aos problemas apontados no documento que originou a ação, produzido em 2006.

Mesmo assim, diversas irregularidades persistiam. Foram apontadas presença de fezes de baratas em locais de armazenamento de remédio, falta de material de higiene, descongelamento de carne em uma pia. "Indiretamente, ficou claro que o principal problema é a ausência de um controle sanitário eficaz, que pode evitar casos de infecção hospitalar", afirma Tertius.

Em 29 de dezembro, o Diário apontou situação ainda mais crítica do que a notada pelo Cremesp, bastante similar ao documento produzido em 2006, que originou a ação.




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