Economia Titulo Seu bolso
Juros para pessoa
física voltam a subir

Alta interrompe sequência de quatro reduções consecutivas;
taxa do cartão de crédito foi a única que não sofreu alteração

Erica Martin
Do Diário do Grande ABC
12/12/2012 | 07:22
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As taxas de juros das modalidades de crédito destinadas às pessoas físicas voltaram a subir em novembro após quatro reduções consecutivas, de acordo com pesquisa da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Na média, a taxa subiu de 5,5%, em outubro, para 5,63% em novembro. O CDC (Crédito Direto ao Consumidor) de bancos para financiamento de automóveis sofreu a maior variação 10,07% - passou de 1,49% para 1,64% ao mês. O cartão de crédito foi a única linha que não sofreu alteração na comparação com o mês anterior.

"Fomos surpreendidos com a alta, até porque a inadimplência está estável e a taxa básica de juros (Selic) foi mantida em 7,25% ano", explica o coordenador de estudos econômicos da entidade, Miguel José Ribeiro de Oliveira.

O brasileiro está com as dívidas mais controladas e a Selic, que é a taxa referencial para a economia brasileira, ficou estável na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central). Portanto, na teoria, não haveria motivos relacionados ao cenário atual da economia brasileira que estimulassem a elevação dos juros nas instituições.

"O que pode ter acontecido é a reposição da margem de receita dos bancos, que fizeram cortes de juros neste ano."

Entretanto, o professor de Economia da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas de São Paulo) Ernesto Lozardo explica que a subida das taxas é uma medida prudencial dos bancos. "Eles estão selecionando melhor a própria clientela."

Segundo o docente, apesar de o brasileiro não ter o costume de analisar as taxas de juros individualmente, o cliente contabiliza se a parcela caberá no orçamento, com os juros maiores o crédito encarece, o que afasta pessoas com pouca capacidade de pagamento.

Lozardo lembra que, embora estável, a inadimplência continua elevada. De acordo com última pesquisa da Fecomercio- SP ((Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), 48,9% das famílias paulistanas estão endividadas. Além disso, a expectativa, lembra o professor, é que o aumento da renda do brasileiro seja menor no próximo ano. O salário-mínimo, por exemplo, que sofreu reajuste de 14,7% no ano passado, deve crescer apenas 7%, em 2013, por conta da atividade mais fraca da economia brasileira em 2012. Diante deste cenário, os bancos se preocupam mais na hora de conceder crédito aos consumidores para evitar o calote, principalmente no fim do ano, quando a população intensifica as compras e a busca por empréstimos.

De acordo com Oliveira, da Anefac, mesmo diante da alta dos juros em novembro, a expectativa é que haja redução nos próximos meses por conta de possíveis quedas na inadimplência e a maior competitividade entre as instituições. Além disso, o BC também não deve alterar a Selic até março. "A não ser que houvesse crescimento muito grande da inflação que obrigasse o BC a aumentar a taxa para diminuir o consumo ou o agravamento da crise lá fora que estimulasse corte para aquecer a economia interna, o que não deve ocorrer."

 




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