Além dos diversos pontos de alagamento, há pelo menos 85 áreas de risco no Grande ABC, que conta com total de 121 profissionais nas defesas civis. Os órgãos vinculados às prefeituras apresentam disparidades estruturais significativas, segundo o coordenador regional da Defesa Civil, capitão Eduardo Drigo da Silva.EM

Enquanto a Defesa Civil de Santo André, única do País com a certificação ISO 9001, conta com sete equipes de emergência, cada um composto por dez pessoas, Diadema tem oito agentes, Ribeirão Pires quatro, São Bernardo 21, São Caetano oito e Mauá dez. "Enquanto observamos três municípios bem estruturados (Santo André, São Bernardo e São Caetano), os outros ainda estão caminhando para se estruturar. O quadro de funcionários da Defesa Civil deve contar com geólogos e engenheiros", observa o coordenador regional da Defesa Civil.

A expectativa do capitão Drigo é de que neste mês sejam entregues novos equipamentos para reforçar as defesas civis da região. Os itens foram solicitados em outubro, via grupo de trabalho do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, que disponibilizou R$ 700 mil para a compra de 16 veículos (dois para cada município), além de moto-bomba, gerador, detector de gases e explosímero, motoserra e equipamentos de proteção individual. Cada Defesa Civil receberá ainda máquina fotográfica, notebook, telão e projetor.

Apesar de coordenar as defesas civis regionais, o capitão não soube informar qual é a situação atual em questão de equipamentos nas sete cidades. Segundo ele, graças à atuação do GT do Consórcio, houve união dos órgãos para que, em casos de tragédias, haja auxílio entre as cidades vizinhas. "Temos efetivo treinado, capacitado e equipamentos para enfrentar os possíveis problemas do verão, apesar de saber que a quantidade de chuva será maior", comenta.

OPERAÇÃO VERÃO

Foi lançada ontem pelo governo a Operação Verão 2011/2012 em todo o Estado de São Paulo. A ação, que tem o intuito de reduzir problemas causados pelas tempestades que geralmente ocorrem neste período do ano, se estende até 31 de março.

As chuvas do verão passado deixaram saldo de seis mortos em Mauá, sendo cinco vítimas de deslizamentos e outra por afogamento, após enchente que atingiu uma casa.

Voluntários complementam prevenção

Para auxiliar o trabalho das defesas civis, as cidades da região contam com 35 Núcleos Comunitários da Defesa Civil. São mais de 315 moradores de áreas de risco envolvidos no trabalho de estar alertas quanto aos riscos causados pelas fortes chuvas e também com a tarefa de orientar os vizinhos a deixar suas casas quando necessário.

Santo André conta com 15 Nudecs, enquanto em São Bernardo são 11. São Caetano tem quatro Núcleos Comunitários de Defesa Civil e entre 30 e 40 pessoas cadastradas como voluntárias. Diadema tem cinco núcleos, com 25 moradores comprometidos, e Mauá dispõe de quatro pontos, com 84 pessoas envolvidas.

Acostumado com a tarefa de estar em alerta, orientar e até mesmo socorrer moradores de áreas de risco desde 1986, o vigilante aposentado e líder do Nudec Serraria, em Diadema, Hermes Egídio Freitas, 42 anos, detalha como é difícil agir sem estrutura. "Tudo o que temos é o preparo que nos é dado antes de cada verão, o grito e a vontade de salvar vidas", comenta.

Segundo ele, o trabalho dos voluntários seria facilitado com auxílio de rádiocomunicador. "Às vezes demora até conseguir ligar para os bombeiros e Defesa Civil nos casos de tragédia."