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Ruas têm história em Diadema

Memorialista da Vila Nogueira é autor de livro que conta a biografia daqueles que nomeiam vias do município

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
17/06/2014 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Os nomes das 2.200 vias de Diadema são muito mais que palavras fixadas nas placas para orientação. São histórias desvendadas por Walter Adão Carreiro, 75 anos, memorialista e morador da Vila Nogueira. Intensa pesquisa resultou no livro Diadema: em cada esquina, uma história – Biografia das ruas. As 408 páginas da obra reúnem o histórico de cada personagem que nomeia os logradouros do município.

Carreiro nasceu na cidade de Areiópolis, no interior paulista, mas chegou ao município diademense – onde moravam os avós paternos – aos 7 anos, em 1949, o que lhe permitiu acompanhar o desenvolvimento local e participar da emancipação, em 1958. Ele, inclusive, conheceu muitos dos que, um dia, seriam homenageados nas páginas de seu livro.

A ideia de se aprofundar nas figuras que compõem tantos endereços surgiu por acaso, em novembro de 1991. “Um colega havia pedido que eu fosse no lugar dele em uma reunião do Gipem (Grupo Independente de Pesquisadores da Memória do ABCD). Lá, uma jovem indagou: ‘Que memória é essa que a gente sai de casa, olha uma placa indicando o nome da rua e não sabe explicar quem foi o personagem?’ Aí, me deu o estalo de ir em busca disso”, lembra.

Um ano depois, a aposentadoria como metalúrgico proporcionou tempo suficiente para se dedicar ao processo de levantamento das informações. As descobertas vinham de relatos de familiares e amigos das pessoas homenageadas e, principalmente, de cemitérios, onde buscava informações em atestados de óbitos e realizava entrevistas no Dia de Finados, quando conseguia, muitas vezes, encontrar os parentes dos mortos. “O cemitério é fonte de informação que não acaba mais”, garante o memorialista.

As pesquisas encheram agenda que ele guarda até hoje, e geraram mais de 3.000 fotos ao longo de 20 anos. “Não tinha pressa e não tinha dinheiro (para publicar). Aliás, nem tinha pretensão de publicar, porque era caro. Um dia, alguém decidiria o que fazer com o que escrevi”, fala. A publicação aconteceu em 2011, com apoio da Prefeitura.

O trabalho foi árduo, mas Carreiro destaca que valeu a pena. “Não ganhei nada com o livro, mas também não perdi. Me diverti muito e conheci muita gente boa, com história para contar”, afirma.

Uma outra obra, desta vez pessoal, está encaminhada. “Estou escrevendo um livro de memórias, com o que aconteceu comigo e meus amigos. Devo terminar em cinco anos”, estima. Aguardaremos os próximos capítulos, seu Carreiro.

Crianças e jovens aprendem balé clássico gratuitamente

A magia que envolve o mundo do balé clássico se faz presente na Rua Agostinho de Barbalho, 332. Na Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Associação Passo a Passo, 183 pessoas, entre crianças e adolescentes da Vila Nogueira e adjacências, aprendem a arte – gratuitamente – e impulsionam o sonho de se transformarem em bailarinos profissionais.

A entidade foi fundada em 2003 e é mantida com recursos da Prefeitura, por meio de convênio. A iniciativa nasceu da necessidade de dar continuidade às oficinas de dança clássica ministradas no Centro Cultural Vila Nogueira desde 1999 pela professora Luiza Gentile, 59 anos, bailarina há mais de quatro décadas e hoje presidente da associação. “O projeto foi encerrado e as crianças não tinham condições de ir para outras cidades fazer aulas. No tempo em que atuei lá, percebi que havia grandes tesouros que precisavam ser lapidados, então, corri atrás para manter o trabalho”, conta.

As aulas são dadas por seis professores, incluindo Luiza, todos voluntários. Com oito anos de aprendizado, os alunos saem aptos a lecionar, algo que enche a presidente de emoção e orgulho. “Esse trabalho resgata nosso papel na sociedade de ensinar ao próximo aquilo que aprendemos. Vê-los crescer nos dá cada vez mais garra para continuar o projeto”, finaliza Luiza, com lágrimas nos olhos.

Garagem vira ateliê com réplicas de obras de arte

Em uma pequena garagem localizada em imóvel na Rua Bernardo Lobo, pó de mármore misturado a resina se transformam em obras de arte.

Das mãos de Marcelo Felipe Nicoliello, 44 anos, saem réplicas de esculturas famosas, imagens sacras, além de fontes de água e outras peças de decoração. No dia em que a reportagem do Diário conheceu o local, ontem, ele fazia a reprodução de Santo Aníbal, conhecido como o pai dos órfãos e pobres e o último a ser canonizado pelo papa João Paulo II. A figura mede 1,75 m e pesa 30 quilos. “Ao todo, faremos 16 imagens iguais a esta, que foram encomendadas por várias paróquias”, explica Nicoliello.

As formas são produzidas lá mesmo e qualquer pessoa pode ter uma estátua que a represente. “Basta trazer uma foto que a gente faz o molde.” Ele garante que há clientes interessados em reproduzir a si mesmo por meio da arte.

Segundo Nicoliello, as peças levam, em média, três dias para ficar prontas, podendo demorar três meses, dependendo do grau de detalhes. Os valores também variam.

O ofício é herança de família. “Aprendi com meu pai, que ainda trabalha com isso em São Paulo. Faço desde que me conheço por gente. Minha mãe falava que era muito arteiro, então, tem que justificar”, diz ele, aos risos.

Biblioteca Inclusiva atende a pessoas com deficiência

Há dez anos – completados ontem –, a Biblioteca Interativa de Inclusão Nogueira, localizada na Rua Bernardo Lobo, 263, disponibiliza material especial para pessoas com deficiência. O espaço, fruto de parceria entre a Prefeitura de Diadema e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) mantém acervo com 6.500 livros (em Braille e impressos a tinta), além de mais de 300 áudio-livros de todos os gêneros.

O espaço possui ainda computadores com programas que permitem a utilização pelos deficientes visuais e seis máquinas de escrever em Braille, que contam com seis teclas, onde cada combinação é uma letra.

Oficinas de Libras (Língua Brasileira de Sinais), Braille e massoterapia também são oferecidas gratuitamente, com inscrições abertas a cada semestre.

“Aqui as pessoas com deficiência encontram não só um lugar de aprendizado, mas também de socialização”, destaca a bibliotecária responsável, Sandra Regina Melito Ferreira, 57 anos.

A importância do local é ressaltada pelo agente bibliotecário Edson José da Silva, 33, que perdeu a visão com 1 ano após uma catarata congênita. “Sem dúvida, é um espaço que amplia os horizontes das pessoas com deficiência.”

A Biblioteca Interativa de Inclusão é aberta à população e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Mais informações pelo telefone 4071-9684. 




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