Cultura & Lazer Titulo Longa
Um filme
cabeça sem clichês

Paulo Sacramento, de Santo André, estreia
em longa-metragem de ficção com ‘Riocorrente’

Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
01/06/2014 | 09:25
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Divulgação


Ser distinto tem sido a marca do cineasta andreense Paulo Sacramento. Depois de ser ousado o bastante para entregar câmeras para que detentos registrassem o cotidiano da cadeia no documentário O Prisioneiro da Grade de Ferro (2004) e fazer renascer o bizarro personagem Zé do Caixão em Encarnação do Demônio (2008) como um dos produtores do filme, ele agora explora uma São Paulo mais crua e densa em Riocorrente, sua estreia no gênero de ficção em longas-metragens.

“Para mim foi importante voltar, principalmente depois de um processo traumático com o Prisioneiro, que levou sete anos para ser produzido. Fora que tudo foi exaustivo por ser um projeto de vida mesmo. Precisava dar um tempo e superar essas complicações. Agora estou lembrando de todas essas questões e acabei repetindo erros”, brinca Sacramento, que também assina como produtor, roteirista e montador do título.

Trata-se de um projeto nascido há cerca de dez anos. O desenvolvimento da história foi tomando alguns caminhos que o autor não achava mais interessantes. Seduzido pela energia original do primeiro esboço, ele deixou de lado os aspectos técnicos da narrativa para voltar ao que ele chama de “urgência” para que esses sentimentos fossem apresentados ao público.

Na tela, ele revela triângulo amoroso que faz com que os espectadores conheçam dois lados completamente diferentes da Capital. As angústias dos personagens são representadas de maneira poética e dinâmica dentro de um universo altamente sensorial.

“É um filme ‘cabeça’ que não tem os clichês de obras desse tipo, como lentidão e muito diálogo. Ele demanda certo esforço do espectador e exige posicionamento para ser compreendido”, explica o diretor. “Sinto falta de filmes que nos obrigam a fazer uma interpretação. Nessa história não há saídas óbvias e pode render surpresas.”

ESTRATÉGIA

Com cerca de R$ 1,5 milhão de orçamento, Riocorrente tem a árdua tarefa de combater atrações hollywoodianas para atrair público, além de concorrer com os primeiros jogos da Copa do Mundo. O objetivo é que o filme se torne opção para quem deseja fugir desse cenário. Apenas 12 salas do País devem colocá-lo em cartaz.

Sacramento lamenta o pouco espaço dado a projetos alternativos no Brasil. “Esse é um momento meio difícil para o cinema brasileiro. Temos poucos filmes que têm feito muito público e as muitas produções médias e pequenas encolheram. Claro que estou nesse nicho menor, mas com uma liberdade artística. Fico feliz por ter feito um filme diferente, de propor coisas que não são feitas no cinema nacional atualmente”, diz.

Antes de chegar ao circuito comercial, a obra passou pela programação de eventos como o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (com prêmio de melhor filme brasileiro do ano passado) e do Festival de Roterdã, na Holanda. Riocorrente estreia nos cinemas na quinta-feira.  




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