Acelerar o processo de implantação do sistema de rastreabilidade do novo Regime Automotivo, o Inovar-Auto, foi a principal reivindicação apresentada ontem, em Brasília. Em encontro com a secretária do Desenvolvimento da Produção do MDIC (Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio), Heloisa Menezes, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da Agência Regional de Desenvolvimento do ABC, Rafael Marques, destacou a importância de iniciar o sistema de rastreamento para controlar a porcentagem do conteúdo nacional dos sistemas automotivos fornecidos para as montadoras. “Não podemos perder linhas de produção que estão instaladas na região, importante polo da cadeia automotiva. Além disso, temos que combater, ao máximo, a importação de peças. Vamos incentivar a utilização de itens locais.”

Vale lembrar que o programa Inovar-Auto foi lançado pelo governo em outubro para elevar a competitividade da indústria automotiva e é uma forma de as autopeças voltarem a crescer e a atender com alta tecnologia as montadoras, por meio da constituição do Inovar-Peças. Em abril, foi realizado um seminário na região sobre o tema.

A proposta é que as montadoras habilitadas no regime automotivo cumpram metas fixadas pelo governo. O Inovar-Auto concede redução de 30 pontos percentuais de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para as empresas que atingirem as metas estabelecidas, como aumento do uso de conteúdo local e da eficiência energética. “As montadoras precisam utilizar 60% de conteúdo local (peças)”, reforça Marques, que completa: “Precisamos criar equipes que façam o rastreamento, com transparência. Que façam uma espécie de auditoria nas empresas”, sinaliza Marques.

O presidente do sindicato lamenta que as montadoras – principalmente as asiáticas – e as sistemistas estejam resistindo à implantação de rastreabilidade. No entanto, boa parte da cadeia produtiva do setor apoia fortemente a implantação do sistema, pela possibilidade de acompanhamento e medição do uso da produção local que ela proporciona.

Força da Região

No encontro foi entregue carta ao ministro do MDIC, Fernando Pimentel, propondo a criação de um programa de adensamento da cadeia automobilística do Grande ABC. No documento fica destacado que a região é considerada o berço da indústria automotiva no País, responsável por 25% da produção nacional de veículos, 50% da produção de caminhões, 35% dos postos de trabalho na indústria montadora do Brasil. “Apesar do mercado de veículos no País ter crescido continuamente nos últimos dez anos, se tornado o quarto maior mercado mundial , as empresas nacionais da cadeia, em particular as da base da pirâmide, não têm participado desta evolução”, destaca a carta.

Mediante isso, e após a regulamentação do Inova-Auto, o setor propõe: fortalecimento do mercado de autopeças e ferramentaria; financiamento para a produção; apoio empresarial e investimento na inovação. “Temos que oferecer linhas de financiamento para pequenas e médias autopeças, por exemplo, para que elas se modernizem e possam abastecer as montadoras, equilibrando nossa balança comercial”, frisa o dirigente sindical.

 Além de Marques, participaram da audiência, o secretário de comunicação do Sindicato, Valter Sanches, representantes do Sebrae, da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores). Pelo poder público da região, estavam os secretários de desenvolvimento de São Bernardo, Jefferson da Conceição, e de Diadema, Wagner Kuroiwa.Compareceram também os coordenadores dos APLs (Arranjos Produtivos Locais) de Ferramentaria, Automotivo e de Autopeças, além de demais sindicatos.