Vasco e Corinthians fazem neste domingo, às 19h, a revanche da decisao do Mundial de Clubes, vencida pelo clube paulista há 16 dias. Desta vez, porém, o jogo será na casa do Vasco, Sao Januário, e na linha de frente, ao lado de Romário, estará Viola. O atacante, que está há seis meses no Vasco e ainda nao conseguiu se firmar, parece ter raiva do ex-time. 'Meu ex-time? Meu ex-time é o Santos. Nao tenho nada com o Corinthians.`` Logo depois, transformou essa raiva em provocaçao. 'O que passou, passou. Amanha sou do Vasco. O Corinthians que venha. Vamos traçá-los aqui mesmo, em Sao Januário.``

No início da semana, Viola abandonou o costumeiro discurso contemporizador e rebelou-se contra sua condiçao de reserva de luxo. 'O Vasco amanha nao tem apenas 11 titulares, tem 14``, costuma dizer o treinador Antônio Lopes, licenciado para tratar da saúde. Em sua filosofia futebolística, Lopes também vincula a escalaçao de Viola à de Edmundo. 'O Viola joga na mesma faixa de campo que o Romário, entao tem que ser reserva dele``, cansou-se de repetir Lopes. 'Essa história de lado esquerdo e lado direito é balela``, reclamou Viola na terça-feira, dia em que Donizete anunciou sua ida para o futebol mexicano.

Depois da vitória sobre o Fluminense, na quinta-feira, desabafou. ``Provei que o fato de ele jogar pela esquerda nao impede que eu seja o seu parceiro. Posso fazer uma dupla perfeita com o Romário. Ele joga mais enfiado, é frio, matador, perfeito dentro da área. Posso recuar para servi-lo.'

Viola chegou ao Vasco no dia 23 de julho do ano passado fazendo juras de amor ao clube e ao Rio de Janeiro. 'Gosto de praia, futebol e carnaval, por isso me identifico com o Rio.`` Mais que isso, estar no Vasco era estar em evidência, ao ser contratado, havia sido devolvido pelo Santos à Parmalat e estava sem clube. 'O futebol carioca é uma vitrine``, apostava. Mas, até agora, o retorno nao tem sido o esperado.

Entre o Campeonato Brasileiro, a Seletiva para a Libertadores e a Copa Mercosul, ano passado, e o Mundial de Clubes, este ano, o atacante jogou 32 partidas, das quais começou jogando em 24, e marcou apenas nove gols. Desempenho muito fraco, se comparado aos 21 gols que lhe deram a artilharia do Brasileiro de 1998, os mais apressados chegaram a dizer que Viola e Edmundo formariam o 'ataque dos 50 gols`` (somados os 21 do primeiro com os 29 que Edmundo marcou no Brasileiro de 1997).

Em seis meses de clube, Viola foi experimentado no meio-campo (no dia 31 de agosto, num empate em 1 a 1 com o Peñarol, pela Mercosul, com gol de Gilberto), sofreu uma contusao que o afastou um mês do time (entre setembro e outubro) e, enfim, viu-se na reserva de Romário. Nesse tempo, em pouco lembrou o jogador bem-humorado que fez fama no Corinthians, Sao José, Palmeiras, Santos e Valencia. Sua tradicional irreverência, que, em princípio, casaria bem com o espírito carioca, ficou adormecida. O Viola que o Rio conhece é sisudo.

Talvez nao tenha se adaptado à cidade. Ainda vive no Rio Othon Palace, hotel onde o Vasco se concentra. 'Ainda nao tive tempo de procurar apartamento. Estávamos jogando direto, passamos o período de férias na concentraçao e ficou complicado. Tenho que procurar com calma, senao pago muito por algo que nao vale a pena``, explica-se. A família, a mulher Leila e os filhos Pablo Clayton, 2 anos, e Paula, 5, ainda está em Sao Paulo. 'Só vou trazê-los quando encontrar algo confortável para a minha família, além de uma escola para os filhos.``

Sempre que tem uma folga, Viola corre para Sao Paulo. Nem seu adorado Fusquinha ele trouxe para o Rio. 'Ainda nao encontrei um patrocinador que pague a carreta``, desculpa-se. Mesmo sem demonstrar, Viola jura que ama o Rio. 'O Rio é essa beleza, que eu já conhecia mais ou menos e agora conheço bem. Só sinto falta de mais tempo para conhecer outros lugares, como Angra dos Reis e Búzios, que os companheiros disseram que sao lindos``, conta.

Sozinho num hotel, longe da família e dos gols, Viola ainda tem um ano e dois meses de contrato com o Vasco. Reconhece que há interesse de outros clubes (Grêmio e Santos) por seu passe, ele é dono de 60%; os outros 40% sao do Vasco, mas evita entrar em confronto com o todo-poderoso Eurico Miranda. 'Se o Eurico um dia me comunicar que há interesse de algum clube por mim, e eu também me interessar pela proposta, eu saio. Se nao, sou jogador do Vasco até o fim do meu contrato.``