A empresa Publix, que opera linhas de ônibus intermunicipais entre o Grande ABC e a Capital, será multada por desrespeitar o número de viagens previsto na ordem de serviço. Sem autorização, a companhia reduziu o número de partidas em pelo menos dois itinerários e não comunicou os passageiros.

Na semana passada, a equipe do Diário constatou irregularidades na Linha 470, que liga Santo André ao aeroporto de Congonhas, passando por São Caetano. Agora, os cortes atingiram a Linha 172, que vai de Santo André ao terminal Parque Dom Pedro II, no Centro de São Paulo.

Desde o início do mês, o percurso passou a ser feito oito vezes ao dia em cada sentido. Segundo a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), gerenciadora das linhas intermunicipais na Grande São Paulo, a ordem de serviço prevê 46 partidas nos dias úteis, 45 aos sábados e 42 aos domingos e feriados.

A alteração prejudica os passageiros que utilizam o serviço no fim do período da manhã. Após a viagem das 9h40 rumo à Capital, o próximo ônibus só sai às 14h10. A estimativa é de que a linha transporte cerca de 500 usuários por dia útil.

No serviço de atendimento ao usuário, a Publix informa que o motivo da redução foi a baixa demanda, mesma justificativa dada quando houve o corte na Linha 470. A viação afirma que o trajeto está sendo feito por dois veículos. A ordem de serviço, no entanto, define que quatro coletivos - três convencionais e um micro-ônibus - operem o itinerário.

Representante da empresa foi procurado para comentar a situação, mas informou que não falaria por telefone. A equipe do Diário enviou e-mail e tentou agendar entrevista pessoalmente, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

A EMTU informa que as infrações foram registradas e notificadas à STM (Secretaria de Transportes Metropolitanos). O procedimento é necessário já que o lote cinco das linhas intermunicipais, que compreende os sete municípios da região, não está licitado. Desta forma, as companhias operam com contrato precário de permissão. A gerenciadora informa que, agora, cabe à STM definir o valor da multa, que será dobrado em caso de reincidência. A secretaria afirma que está estudando o valor da autuação.

Passageiro da Linha 172, o vendedor Jefferson Peralta, 34, conta que diversos usuários passaram a utilizar meios alternativos para chegar à região central da Capital. "O pessoal está indo de trem ou pegando mais ônibus. Não podemos ficar esperando, pois nunca sabemos o horário em que o coletivo vai passar." A passagem custa R$ 4,20.

Irregularidades persistem em trajeto para Congonhas

Apesar da promessa feita pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) de intensificar a fiscalização, as irregularidades continuam na Linha 470, que vai de Santo André ao aeroporto de Congonhas. A ordem de serviço define a realização de 42 viagens nos dia úteis, 33 aos sábados e domingos, mas a empresa Publix passou a fazer apenas 17 nos dois sentidos. Cerca de 700 pessoas utilizam o serviço nos dias úteis, segundo a gerenciadora.

Passageiros relatam que, após a denúncia das irregularidades, divulgada na sexta-feira pelo Diário, a empresa operadora divulgou outra tabela de horários, com aumento no número de viagens. Conforme determinado pela ordem de serviço, a grade apresentava as 42 viagens. No entanto, os horários não foram cumpridos.

O publicitário Denis Oliveira, 27, conta que ontem o ônibus previsto para sair às 5h só partiu às 6h20. Mesmo assim, o coletivo teve pane e interrompeu a viagem quando passava pela Avenida Perimetral, em Santo André. "Mais uma vez a empresa não cumpriu o que prometeu. Continuam a operação com apenas três veículos, sendo que ontem foram só dois, já que um quebrou", critica.

A revolta fez com que os passageiros criassem página na rede social Facebook denunciando as irregularidades. Usuários dizem que, ao ligarem na empresa para reclamar, são informados de que a Publix não tem mais interesse em operar a linha. Ontem, a equipe do Diário tentou contato com representante da companhia, mas não obteve resposta.

A EMTU diz ter intensificado à fiscalização e que os problemas foram notificados à Secretaria de Transportes Metropolitanos. Assim como na Linha 172, a empresa deverá ser multada por desrespeito à ordem de serviço.