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Sadao, o sindicato, uma história...

Mário Galuzzi, andreense, cirurgião-dentista e pesquisador da Memória

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
01/06/2009 | 00:00
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Mário Galuzzi, andreense, cirurgião-dentista e pesquisador da Memória. Fez carreira no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, nos tempos em que o sindicato era dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema. Conviveu com suas grandes lideranças sindicais, antes e depois da Era Lula. Suas memórias deste tempo foram escritas e todas devidamente ilustradas, várias das quais publicadas aqui em Memória.

Galuzzi retorna ao espaço motivado pelas matérias que publicamos sobre os 50 anos do sindicato. Na narrativa que se segue, ele cita um grande amigo que já partiu, Sadao Higuchi (1947-1998), companheiro de sindicato e compadre - a quem o município deve uma homenagem.

Crônica a um amigo
Texto: Mario Galuzzi

Nestes últimos dias, a coluna Memória tratou com realidade a vida da família Higuchi, atiçando minha memória, fazendo-me recordar momentos difíceis que vivemos durante os "Anos de Chumbo". Foram momentos críticos. Imperavam o temor, a desconfiança, que nos levaram a uma união entre amigos, o que hoje é um orgulho, uma alegria.

Fez-me lembrar do Sadao, com seu sorriso enigmático, de Mona Lisa. Ao solicitarmos algo ao Sadao, eu como funcionário e ele como administrador do Sindicato dos Metalúrgicos, ele ficava com seus olhos puxados, orientais, fixos nos nossos olhos ocidentais, e diante da questão levantada, não se pronunciava, calava. Mas o problema era resolvido, apesar de seus altos compromissos com a administração do sindicato, com as constantes intervenções federais, com a gravidade da situação da época.

Pergunto hoje como o SNI (Serviço Nacional de Informações) deve ter levantado sua vida de administrador. Em busca de alguma irregularidade, para enquadrá-lo nas leis de exceção.

Mas Sadao não era apenas "o Administrador". Ele também tinha sua vida familiar, seu rol de amizades. E quantos amigos ele fez sofrer ao nos deixar. Ele e a mulher Inês, recém-casados, abrigaram por longo tempo minha atual mulher Ângela, que, vinda de Paraty, tentava a vida em São Bernardo, e não tinha onde ficar.

A vida familiar e de amizades de Sadao nos fez convidá-lo para ser padrinho, juntamente com a Inês, do nosso filho Rafael. Tal acontecimento ocorreu em 27 de janeiro de 1985, na igreja do Demarchi. Tornamo-nos compadres. Meu filho perdeu seu padrinho aqui embaixo, porém acredito que ele, lá em cima, deve, com seu sorriso enigmático, continuar a nos proteger, função precípua dos padrinhos na Terra.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS
Sexta-feira, 1º de junho de 1979.

Manchete - Simonsen (Mário, ministro do Planejamento): combate à inflação não pode depender de pacotes.

Grande ABC - Em encontro com o secretário estadual dos Negócios Metropolitanos, Mário Trindade, os prefeitos cobram obras na Via Anchieta e mudanças na Lei de Proteção aos Mananciais.

São Caetano - Usuários de parquímetros reclamam da falta de manutenção e fiscalização dos aparelhos.

Editorial - Arena e MDB, dois seres biônicos também.

Polícia - Ladrões presos durante tiroteio em Santo André.

EM 1º DE JUNHO DE...
1949 - Prefeito Antonio Flaquer inaugura a necrópole Sagrado Coração de Jesus, em Camilópolis.

CIDADE PAULISTA
1891 - Avaré é elevada à categoria de cidade. Trata-se da antiga Vila do Rio Novo.

HOJE
Dia Nacional da Imprensa. A data homenageia o Diário do Rio de Janeiro, que iniciou sua publicação nesta data em 1821.

SANTOS DO DIA
Cândida, Herculano de Piegaro, João Batista Scalabrini, Jacob (padroeiro dos vidraceiros) e Justino.

ALMANAQUE
Antonio Dardis Neto

Nascimento: Piraju (SP), 1º de junho de 1906.

Vereador: 1948 e 1949.

Partido: PSP.

Falecimento: década de 1970.

Um dos quatro vereadores autonomistas representantes de São Caetano na Câmara Municipal de Santo André. Pela sua atuação autonomista foi afastado em janeiro de 1949, retornando em março e renunciando em 26 de março de 1949. Seu nome é ligado ao cinema. Em 1925, em Campinas, participou do chamado Ciclo de Campinas e foi produtor de um filme ligado à escravidão: João Negrinho (cf. A história do cinema brasileiro, de Fernando Ramos).

Os Marianos e a Via Anchieta
Segunda metade da década de 1950, um domingo à tarde. Marianos de São Bernardo continuam o seu passeio de bicicleta pelos pontos mais conhecidos da cidade. Chegam ao Km 23 da Via Anchieta. Param e são fotografados sobre o viaduto da Volkswagen.

Ao fundo, as pistas em direção ao Distrito de Riacho Grande. À direita, parte da Volks; à esquerda, as elevações hoje ocupadas pelo bairro Ferrazópolis, Vila São José e as antigas instalações da Simca do Brasil. Aqueles pavilhões brancos foram demolidos. Cedem espaço hoje ao centro de distribuição das Casas Bahia.




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