Em momento histórico, quando há conjunto de esforços voltados à reconstrução da regionalidade perdida, a Câmara de São Bernardo lamentavelmente cria entrave para a reunificação do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Sem entrar no mérito dos argumentos que levaram a maioria dos vereadores a negar aval ao modelo de renegociação de dívidas que permitiria a reintegração das cidades que abandonaram a entidade nos dois últimos anos, é preciso destacar a pequenez do Legislativo são-bernardense. Quando esperava-se gesto magnânimo desses homens públicos, eis que eles respondem com política rasteira.

A mobilização dos sete prefeitos após o trágico temporal de 10 de março, que deixou dez mortos na região, foi essencial para que o governador João Doria (PSDB) se comprometesse a liberar verbas para a construção do Piscinão Jaboticabal, obra antienchente que pode evitar a repetição de episódio tão nefasto. Eis transformada em fato a importância de organismo capaz de aglutinar interesses comuns às sete cidades. A lógica é tão cristalina que fica impossível acreditar que os vereadores são-bernardenses não tenham capacidade de compreendê-la.

No momento em que se posicionaram contra a reintegração regional, os legisladores de São Bernardo assumiram o risco de passar à história como políticos mesquinhos preocupados apenas com o seu quintal.

Que falta de grandeza! O que dirão as futuras gerações ao sentirem os eventuais efeitos nefastos da falta de políticas regionais que poderiam ser viabilizadas pelo fortalecimento do Consórcio?

Este Diário, que cunhou a expressão Grande ABC para se referir às sete cidades, não compactua com atitudes segregacionistas como as tomadas pelos vereadores de São Bernardo. Este jornal não desistiu do Consórcio no pior momento de sua história; não desistirá agora. Não se calará ante movimentos destrutivos. Região que tem esse nome não merece ser vítima de políticos tão pequenos.