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Mauá leva oito meses para licitar unidade móvel de castração

Prefeitura recebeu em dezembro R$ 120 mil para o serviço, mas projeto segue no papel

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
15/08/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Apesar de ter recebido em dezembro emenda no valor de R$ 120 mil – destinada pelo deputado federal Ricardo Izar (PP-SP) – para compra de um automóvel que vai realizar castração de animais, o castramóvel, a Prefeitura de Mauá publicou apenas ontem no Diário Oficial aviso de licitação para aquisição da unidade. O recurso já estava liberado (inclusive com ordem de pagamento datada de 13 de dezembro de 2018), mas a administração da prefeita Alaíde Damo (MDB) destacou nesta semana em rede social que recebeu um assessor do parlamentar para tratar da liberação do recurso, tratando o assunto como novidade.

A publicação gerou revolta entre protetores de animais da cidade, como a educadora e ativista da causa Kelly Silva, 35 anos. “Todos sabem que essa verba chegou para a cidade no ano passado. Foi uma mobilização dos protetores junto ao ex-prefeito (Atila Jacomussi – PSB) em fevereiro”, relatou. “Diferentemente do que a prefeita publicou, isso não é uma novidade”, completou. Atila foi cassado pela Câmara em abril sob acusação de cometer crime de responsabilidade ao deixar o cargo vago enquanto esteve preso no âmbito da Operação Trato Feito.

Segundo a protetora, o atendimento que é realizado na clínica de bem estar animal, na Rua Santa Cecília, 489, bairro Matriz, tem deixado a desejar. “Temos recebido muitas reclamações, como demora no atendimento”, acusou. Kelly afirmou, ainda, que o veículo que era utilizado para os atendimentos nos bairros, conhecido como Poupatempo Animal, também foi suspenso. “(O serviço) Completaria dois anos neste mês”, lamentou. Enquanto esteve em funcionamento, o projeto atendia cerca de 35 animais por dia, segundo informações do site da Prefeitura.

A promotora Lilian Maria dos Santos, 41, também é protetora, mas tem ido cada vez menos à clínica de bem estar animal mauaense. “Fui com um cachorro muito doente e não teve um atendimento decente. Outra vez levei um gato, que até foi melhor atendido, mas de forma geral não tenho vontade de ir até lá”, reclamou. “Meu trabalho como voluntária está muito triste e parado”, concluiu.

A aquisição do Castramóvel, segundo edital publicado no site da administração municipal, será pela modalidade de pregão e vencerá o fornecedor que oferecer o menor preço. O documento não especifica, no entanto, nenhuma característica do veículo. Apenas determina que o objeto do pregão é a aquisição de unidade móvel para castração de animais de pequeno porte, do tipo trailer.

A Prefeitura foi questionada porque levou oito meses para realizar o processo de compra do equipamento, bem como qual será a demanda atendida. A equipe do Diário também perguntou sobre o serviço de atendimento itinerante, mas nenhuma das questões foi respondida até o fechamento desta edição.

Usuários aprovam atendimento de clínica pública

Apesar de receber críticas de alguns protetores, os serviços da clínica de bem estar animal mantido pela Prefeitura de Mauá, no bairro Matriz, é alvo de elogios por parte de usuários. O vigilante Luiz Claudio da Costa Lima, 58 anos, levou ao local, na última quarta-feira, cachorro que encontrou abandonado e com sinais de maus-tratos. “Nem dei nome, porque se não vou querer ficar com ele”, contou o munícipe, que já tem em sua residência seis cachorros e três gatos.

“Gosto muito de bichos e, há cinco anos, faço esse trabalho. Resgato, cuido como posso, encontro quem queira ficar com eles”, relatou Lima. Para o cão que foi encontrado essa semana, o vigilante já conseguiu um potencial novo tutor. “Infelizmente, temos muitos animais abandonados na cidade.”

Quem também costuma levar os cachorros para serem atendidos na clínica é Mauro Lucio de Azevedo, 56, que está em situação de rua perto da Avenida Dom José Gaspar. Na ocasião em que conversou com a equipe do Diário, Azevedo estava acompanhado dos cães Amarelo, Lupi e Pretinho. “O Amarelo está com um machucado na pata. Está melhorando depois que passei a trazer ele aqui, mas como a gente caminha bastante, demora.”

A estudante Mirena Rodrigues Galvão de Moraes, 16, levou o gato Assaf, que está em tratamento devido problema renal. “Ele estava passando em uma clínica particular, mas lá deram alta e aqui estou continuando o tratamento”, afirmou. O serviço público realiza entre 50 e 60 atendimentos diários.
 




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