Alguns dos desertos da América do Sul, como os de Atacama (Chile) e El Monte (Argentina), estão sendo afetados pelo degelo das geleiras das altas montanhas, enquanto que o alto consumo está atingindo o norte do México, advertiu a ONU nesta terça-feira.

"O problema (do desgelo) será certamente composto pelas geleiras que estão derretendo e cujas águas sustentam muitos desertos, como o do Atacama e El Monte", de acordo com nota do Programa das Nações Unidas (PNUD).

Na América Latina, estão duas das seis grandes zonas desérticas do mundo: uma que engloba o sul dos Estados Unidos e o norte do México (1,7 milhão de quilômetros quadrados) e a faixa que vai da costa do Peru à península de Valdés, na Argentina (1,1 milhão de quilômetros quadrados).

O relatório sobre o estado mundial dos desertos, apresentado hoje pelo PNUD, adverte que apenas 19% da primeira zona se encontra protegida pela legislação ambiental e apenas 6% na segunda.

O coordenador do estudo e originário da Universidade da Califórnia (EUA), Ezequiel Ezcurra, advertiu na coletiva de imprensa que "o desgelo das geleiras, produto da mudança climática global, vai exercer, sem dúvida, uma maior pressão nas comunidades locais, assim como nos ecossistemas".

Já nos Estados Unidos e México, o principal problema é "o bombeamento subsidiado por energia barata dos aqüíferos profundos" e sua conseqüente superexploração.

"Uma proporção muito alta dos lençóis d'água no México, mais de 60%, é superexplorada de maneira insustentável. Eles vão enfrentar uma crise de esgotamento em muito pouco tempo e, em alguns casos, já a estão enfrentando", denunciou Ezcurra.

O especialista acusou os governos tanto do México como dos Estados Unidos de não se interessarem pela conservação da água em seu deserto comum.