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Artesp cancela construção de alça do Rodoanel em Ribeirão

Ex-governador Márcio França barra proposta de 2013 para erguer segundo acesso na região

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
18/01/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 A Artesp (Agência de Transportes do Estado de São Paulo) admitiu nesta semana ter arquivado o projeto para implantação de segunda alça de acesso ao Trecho Leste do Rodoanel Mário Covas na região, desta vez a partir da Estrada dos Fernandes, na divisa entre Ribeirão Pires e Suzano. Segundo o órgão, a medida atende decisão do ex-governador Márcio França (PSB), que, no ano passado, optou por realizar mudanças no esboço da proposta.

Anunciado em 2013, após ampla reivindicação de prefeitos e deputados do Grande ABC, o projeto previa, dentre série de benefícios, a redução do tempo de deslocamento para moradores de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra que seguiam em direção à Estrada dos Fernandes, além de impulsionar o setor econômico das duas cidades – na época, era previsto impacto direto a 1,4 milhão de habitantes de municípios vizinhos.

Em 2016, o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) concedeu, por meio de decreto de utilidade pública, autorização à SPMar, concessionária responsável pelos trechos Sul e Leste da rodovia, para realizar as desapropriações necessárias de imóveis para construção da interligação em Ribeirão Pires, processo que não foi efetivado.

Nem mesmo a pressão feita por prefeitos da região filiados ao PSB de França, como Adler Kiko Teixeira (Ribeirão Pires) e Atila Jacomussi (Mauá) – preso desde 13 de dezembro –, foi suficiente para que o projeto fosse tirado do papel durante a gestão do ex-governador, encerrada em dezembro.

Pelo contrário. Diante da morosidade da intervenção, França optou por alterar o projeto retomando a proposta original, de 2011, que prevê a implantação de alça de ligação com o Rodoanel a partir da SP-066 – antiga Estrada Velha São Paulo/Rio, localizada a dez quilômetros de distância de Ribeirão Pires.

“O retorno ao projeto original foi determinado pelo então governador Márcio França, atendendo a solicitações das prefeituras da região (do Alto Tietê)”, justificou a Artesp em referência ao pedido feito por políticos de municípios como Suzano, Mogi das Cruzes e Itaquaquecetuba.

Conforme adiantado pelo Diário, em agosto, o esboço da proposta, feito há oito anos, ao custo de R$ 4,3 milhões, passa por revisão e atualização, pois o trecho apresenta características distintas das verificadas naquela época, inclusive de urbanização.

Feitas as adequações necessárias, segundo o governo estadual, a SPMar poderá seguir com as aprovações dos projetos funcional e executivo, verificando as desapropriações que serão incluídas, inclusive a revisão do licenciamento ambiental, conforme necessário. O cronograma será definido depois da realização dessas discussões e avaliações.

Segundo especialista, o cancelamento do projeto da alça de acesso em Ribeirão Pires deverá ter impacto direto na economia da região. “A rodovia é fonte de oportunidades para atrair empresas e investidores. Se você tem essa possibilidade (de construir uma alça) e ela não é concretizada, isso impacta negativamente o desenvolvimento econômico dessa região, principalmente para Ribeirão Pires e Suzano”, afirmou o professor de políticas públicas da FGV (Fundação Getulio Vargas) Alexandre Akio Motonaga.

Na época da aprovação do projeto, a Prefeitura de Ribeirão Pires, chefiada então pelo ex-prefeito Saulo Benevides (MDB), previa erguer condomínio industrial no bairro Quarta Divisão, região próxima ao local onde seria construída a alça.

 




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