Dissidência do bloco governista formou maioria na eleição da mesa diretora da Câmara de Mauá, na sessão de ontem, e impôs derrota ao governo do prefeito Atila Jacomussi (PSB) ao eleger o vereador Vanderlei Cavalcante da Silva, o Neycar (SD), como presidente da Casa para o biênio 2019-2020.

Governista, mas sem a bênção do prefeito, o parlamentar recebeu 14 votos na eleição interna e os outros nove votaram em branco. A ideia do governo era a de eleger Betinho da Dragões (PR), porém, sem o apoio necessário para viabilizar a vitória, o republicano sequer apresentou candidatura. Inicialmente, o Paço arquitetou a reeleição do atual presidente Admir Jacomussi (PRP), pai do prefeito, mas a estratégia esbarrou em resistências internas devido à necessidade de alterar a LOM (Lei Orgânica Municipal), que proíbe o segundo mandato aos integrantes da mesa diretora para a mesma legislatura.

O governo Atila até que testou alternativas, como mandar de volta ao Legislativo o vereador licenciado e então secretário de Serviços Urbanos, Chico do Judô (Patriota). Curiosamente, o parlamentar acabou aderindo ao projeto de Neycar, que uniu oposicionistas e governistas. O Diário apurou que as negociações pró-Neycar já envolveram acordos em torno da definição dos presidentes das comissões internas, que ocorrerá de fato apenas após o recesso, em fevereiro.

Responsável pela articulação do Paço, o secretário de Governo, Israel Aleixo, o Bell (PSB), minimizou o resultado. “A gente não considera (a eleição de Neycar) como derrota, até porque ele é vereador governista”. Neycar, por sua vez, também evitou embate com o governo. “Não foi vitória em cima do governo. O racha acabou hoje (ontem). Não vou levantar bandeiras partidárias”, sentenciou o parlamentar, que assumirá a Casa que só em 2018 rejeitou dois pedidos de impeachment do prefeito, devido às acusações de ilegalidades nos contratos de merenda e uniforme escolares.

Vereador em primeiro mandato, Neycar falou ainda em “resgatar” a credibilidade do Legislativo mauaense junto à população e antecipou que vai propor no próximo ano a mudança no horário das sessões, das 14h para as 19h.

A próxima mesa diretora da Câmara também será composta por Bodinho (PRP, vice-presidente); Adelto Cachorrão (Avante, primeiro secretário); ex-líder do governo Fernando Rubinelli (PDT, segundo secretário); e Jotão (PSDB, terceiro secretário).