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Mente de Super-homem
Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
27/01/2008 | 07:04
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“Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria, que o mundo masculino tudo me daria do que eu quisesse ter.” A música Super-Homem, de Gilberto Gil, traduz em poucas linhas o tipo de mentalidade a que os homens são ensinados a ter desde pequenos. Auto-suficientes, fortes e inatingíveis, a grande maioria acredita que nem mesmo uma doença pode derrubá-los. E é aí que está o erro.

Dados do Ministério da Saúde apontam que, embora o número de nascimentos masculinos supere 5% os femininos, o homem apresenta a maior taxa de mortalidade até os 79 anos. Entre as principais causas de morte estão as doenças no sistema circulatório, os cânceres e, na faixa etária entre 15 a 29 anos, acidentes de trânsito e violência.

Segundo o cardiologista José Luis Aziz, da Faculdade de Medicina ABC e membro da sociedade Brasileira de Cardiologia, a mentalidade masculina de que são inatingíveis atrapalha muito a reduzir esses índices, e isso deve ser mudado.

“Os problemas cardiovasculares, relacionados aos circulatórios, aumentam a incidência a partir dos 35 anos. A partir dessa idade, o check-up anual é obrigatório, principalmente para quem tem casos na família”, diz o especialista.

O homem possui esses problemas, segundo Aziz, porque se cuida mal, se alimenta mal, fuma mais e tem uma vida muito estressante. “Por saberem de tudo isso têm receio de ir ao médico e constatar uma doença”, Para o sexo masculino, o profissional recomenda: “A medicina preventiva é mais eficiente que a curativa, então é melhor tratar em 30 anos do que sofrer em dez e não ter resultado.”

Cultura - A idéia de que homem não chora, não pode sentir dor e que tem de ser forte é algo que predomina desde a infância. Algumas mães dizem aos filhos, ainda hoje, que eles não podem brigar na rua e voltar chorando para casa, senão apanham.

Salomão Rabinovich, membro da Academia Paulista de Psicologia, atribui isso ao fato de dificilmente um homem assumir que tem alguma dificuldade. “Só depois que a ficha cai e o problema começa a ficar mais sério, é que as pessoas iniciam um tratamento.”

E não adianta, segundo o psicólogo, a pressão familiar. Para ele, se a pessoa não quer se tratar, não há quem a faça ir a um médico, já que o hábito tem de vir desde a infância.

Já Aziz acredita na força da família. “Use o lado sentimental. Mostre o quanto este homem é importante, o quanto vocês precisam dele. Quem sabe assim ele se valorize mais.”




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