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Auricchio diz que assume terceira gestão às escuras

Prefeito de São Caetano dispara contra Pinheiro e reclama da falta de transição: ‘Mesquinho’

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
02/01/2017 | 07:00
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Anderson Silva/DGABC


Duas vezes prefeito de São Caetano (2005-2008 e 2009-2012), José Auricchio Júnior (PSDB) foi empossado ontem para o terceiro mandato à frente do Palácio da Cerâmica. A cerimônia ocorreu pela manhã, na Câmara, e foi marcada por críticas ferrenhas a seu antecessor e rival político na disputa eleitoral de outubro, o agora ex-prefeito Paulo Pinheiro (PMDB), que não participou do ato de transmissão de cargo – em 2013, então chefe do Executivo, Auricchio também não formalizou a troca de gestão.

Em seu discurso, o tucano voltou a atacar a gestão peemedebista por não realizar transição e não fornecer as informações acerca da situação da administração ao grupo do governo eleito. “Assumiremos a Prefeitura no escuro. Além de ser lei, transição de governo é um ato republicano e democrático. Não fazê-la é um ato mesquinho com a população da cidade. (O governo Pinheiro) Foi mesquinho e pequeno, por medo ou porque tem alguma coisa para esconder”, disparou o prefeito.

Auricchio também citou dois recentes episódios que marcaram a conturbada saída de Pinheiro da administração: o calote no abono aos educadores (prometeu pagar na quinta-feira, o que não ocorreu) e a troca repentina do convênio médico dos servidores após o atraso de duas mensalidades à então operadora do serviço, a Intermédica. “As últimas notícias do apagar das luzes é que há falta de medicamentos, houve mudança repentina do plano de saúde dos servidores e calote no abono dos educadores. Existe abandono efetivo de inúmeros setores da nossa cidade. A partir de amanhã (hoje) vamos revirar gavetas, arquivos e computadores. Vamos começar trazer à luz e expor às claras cada uma dessas irresponsabilidades”, criticou o tucano, ao prometer que dará publicidade à “real situação administrativa e financeira” da cidade.

Sem os números sobre como estão os cofres da Prefeitura, Auricchio repetiu que promoverá enxugamento da máquina pública, com corte de 30% dos comissionados – estima-se que são cerca de 400 apadrinhados atualmente. Para isso, o tucano prepara para enviar à Câmara projeto de reforma administrativa no Paço.

Apesar das cutucadas em Pinheiro, a cerimônia de posse ocorreu com tranquilidade e sem a rivalidade presente durante o processo eleitoral. “As críticas (à gestão Pinheiro) não são minhas, estão nas ruas, nos semblantes das pessoas, na decepção e na indignação dos que vivem o dia a dia da cidade”, disse. Ao Diário, Auricchio complementou que enviará aos órgãos de controle as denúncias de superfaturamento em remédios e existência de funcionários fantasmas no governo.

Com a gestão que se iniciou ontem, Auricchio entrou para o seleto grupo de prefeitos de São Caetano que governaram a cidade por três mandatos. Antes, apenas Hermógenes Walter Braido (1965-1969, 1973-1977 e 1983-1988) e Luiz Olinto Tortorello (1989-1992, 1997-2000 e 2001 a 2004) tinham alcançado o feito. Tortorello, inclusive, alçou Auricchio à política – convidou para ser secretário de Saúde e o fez seu sucessor no Paço.

O prefeito deixou o Legislativo e empossou os secretários já anunciados. Auricchio ainda não divulgou os nomes dos superintendentes e diretores de autarquias e fundações municipais, o que deve fazer nesta semana.

Por conta da falta de transição, Auricchio evitou estimar a situação econômica do Paço. No sábado, a administração Pinheiro informou que deixaria R$ 77,6 milhões em restos a pagar a Auricchio, mas com receita em caixa. Quando assumiu a Prefeitura, Pinheiro alegou ter herdado do hoje tucano R$ 264 milhões em débitos não quitados. O peemedebista sustenta que, desse valor, pagou 72,4%.

Prefeito promete retomar projetos de habitação popular

O prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), prometeu retomar projetos de habitação popular na cidade, nos moldes do programa João de Barro, idealizado pelo ex-prefeito Luiz Olinto Tortorello (morto em 2004), mas que foi abandonado com o passar dos anos.

A promessa foi em resposta à edição especial publicada ontem pelo Diário, que trouxe histórias de moradores do Grande ABC e os principais problemas que carregam em suas cidades. A faxineira Jandira Prudencio, 54 anos, mora em um cortiço no bairro São José, onde mais oito pessoas residem. Jandira lamentou a falta de políticas para moradia à população de baixa renda na cidade.

Segundo Auricchio, é possível retomar três projetos junto ao CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), do governo do Estado, que, segundo o tucano, não foram finalizados pela gestão Paulo Pinheiro (PMDB). “Queremos reativar todos os programas que tínhamos de habitação e que foram desmontados. Abandonaram três projetos da CDHU alegando que iriam buscar (o financiamento para a construção de moradias) junto ao governo federal. Não fizeram nem uma coisa nem outra. Queremos retomar esse diálogo com a Secretaria de Habitação do Estado e também vamos procurar o Minha Casa, Minha Vida”, assegurou Auricchio, ao estimar que o deficit habitacional na cidade já deve atingir 1.000 famílias.

O tucano garantiu ainda que pretende realizar censo habitacional na cidade para mapear e detalhar as necessidades por moradia no município. Auricchio não estipulou prazos nem mencionou quantas unidades pretende entregar, mas disse que buscará destravar a entrega dos três projetos parados, que prevê construção de 300 apartamentos. 




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