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Saldão no supermercado Big vira caso de polícia
Por Luciana Sereno e
e Nário Barbosa
Do Diário do Grande ABC
14/06/2005 | 08:06
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O saldão de encerramento do supermercado Big, em Santo André, na segunda-feira, misturou revolta e pânico. Boa parte dos consumidores que tentava entrar na loja da avenida Pereira Barreto para aproveitar a liquidação com descontos de até 50% - anunciada por meio de panfletos e na mídia - foi barrada por um cordão da Polícia Militar. Quem chegou mais cedo e conseguiu entrar para fazer compras ficou preso dentro do estacionamento da loja porque, segundo apurou o Diário, os responsáveis temiam uma invasão caso o acesso fosse liberado. Fosse o cliente idoso, criança ou funcionário a regra era manter os portões fechados para entrada e saída. A empresa Sonae, proprietária das unidades Big, vendeu a loja à rede francesa Carrefour. Segunda-feira, foi o último dia em que o supermercado operou com a bandeira Big. Nenhum representante do Big quis se manifestar sobre o assunto.

"Preciso entrar. Minha filha está com meu neto pequeno aí dentro desde às 8h. A criança tem fome, precisa de cuidados. Vim para buscá-los mas fiquei barrada aqui na porta", gritava a dona-de-casa Ana Bertolini, 61 anos, em meio ao amontoado de mais de 300 pessoas que ficava encostado nos portões da loja, por volta das 15h. Nem mesmo quem tentava entrar apenas para pagar uma fatura ou pedir o cancelamento do cartão teve permissão.

No tumulto, o grupo de consumidores arrancou a faixa que anunciava o funcionamento normal da loja durante o dia 13 na tentativa de obter uma prova sobre o descumprimento da oferta. Os que conseguiam autorização para sair, empurravam carrinhos cheios. Os demais, reclamavam muito. "Anunciaram venda de leite a R$ 0,70 (o litro) e picanha a R$ 4 (o quilo) e agora não conseguem cumprir. Quando liguei pela manhã, disseram que a loja ficaria aberta até as 18h", disse a esteticista Débora Fioretti, 28 anos. "Tento desde sábado entrar. A bagunça foi só nessa loja. Meu genro disse que foi à unidade do Ipiranga (na capital) e lá dava para entrar e comprar", protestava Nair Kirchner da Encarnação, 53, em sua terceira tentativa de entrar no Big de Santo André.

Alguns que já tinham conseguido acesso à loja pela manhã, voltaram à tarde na tentativa de fazer mais compras, sem sucesso. Por conta da propaganda boca-a-boca sobre os preços baixos, especialmente de eletrodomésticos, houve confusão e a loja baixou as portas antes do meio-dia. "Consegui entrar quando estavam quase fechando. Itens como arroz e feijão estavam pelo mesmo preço dos outros supermercados. Mas laticínios, carnes e frios estavam mesmo bem mais baratos", afirmou Helenice Carvalho Silva, 53 anos, que, vitoriosa, colocava as compras no carro com o marido, Antonio Ribeiro da Silva, 56. O casal veio de Diadema na tentativa de aproveitar a promoção, mas só conseguiu sair da loja por volta das 16h, horário em que a polícia conseguiu acalmar os insatisfeitos.

Os policias orientaram os consumidores a registrar queixa no Procon. Os representantes da administração das duas empresas, Big e Carrefour, que estariam na loja segundo indicaram funcionários, se recusaram a atender a reportagem. Duas equipes do Diário estiveram no local, em horários diferentes e, apesar das promessas de que gerentes se manifestariam a respeito do problema, não houve atendimento. Na última tentativa, por volta das 16h30, os responsáveis mandaram dizer que estavam "muito ocupados" na segunda-feira.

Foram os policiais militares que conseguiram abrir os portões e liberar os consumidores, que esperavam - em cárcere privado - dentro de seus próprios carros no estacionamento da loja. Essas pessoas saíram pela entrada da avenida Pereira Barreto, enquanto os consumidores excluídos das promoções se mantinham aglomerados no portão da rua Java, na lateral da loja. A essa altura, o trânsito local estava interditado pelo Departamento de Trânsito da cidade. Cinco viaturas da PM davam suporte.

Direitos - Um grupo de consumidores, ao final, decidiu caminhar até o Procon para denunciar a postura do supermercado. O diretor do órgão, Manoel Silva, explicou que a queixa só poderia ser feita se eles apresentassem panfletos publicitários que comprovassem o anúncio das promoções. Ninguém dispunha do panfleto naquele momento. O grupo prometeu registrar boletim de ocorrência. Inconformada por não ter como sustentar a queixa, Sandra Araújo, 39 anos, deixou o Procon e retornou à loja. Fez o percurso a pé a fim de encontrar um panfleto sobre o saldão perdido pela rua. Conseguiu. O panfleto anunciava um "torra-torra imperdível nos dias 11, 12 e 13 de junho" com descontos de "50% para produtos refrigerados e perecíveis". "Voltarei amanhã (terça-feira) ao Procon. Vou ser indenizada."

Colaborou Adriana Gomes




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