Setecidades Titulo Montanhão
São Bernardo vai ao
STJ para liberar estrada

Prefeitura entrou com um recurso especial contra a
interdição da via, que fica na divisa com Sto.André

Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
17/12/2011 | 07:00
Compartilhar notícia


A Prefeitura de São Bernardo entrou com recurso especial no Superior Tribunal de Justiça para anular a decisão da juíza Ana Lucia Xavier Goldman, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Santo André, que autorizou fechar parte da Estrada do Montanhão, na divisa entre os dois municípios.

De acordo com o secretário de Assuntos Jurídicos e Cidadania Marcos Moreira de Carvalho, São Bernardo entende como nula a decisão por não ter participado do processo de fechamento. "Vamos até a última instância para acabar com essa iterdição", afirmou o secretário. O autor da ação que fechou a estrada é o Ministério Público de Santo André, sob a alegação de que a utilização da via, localizada em área de manancial, gera danos ao meio ambiente.

A Prefeitura de São Bernardo também entrou com pedido junto à juíza para que o bloqueio fosse adiado até o dia 22, quando acabam as aulas na rede municipal. Porém, a solicitação não foi atendida.

O prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), abriu a possibilidade de diálogo. "Essa é uma decisão da Justiça e não temos o que discutir. O que podemos fazer é sentar de novo com São Bernardo para tentar achar outra saída."

Com a interdição de aproximadamente 1,8 quilômetro da estrada, cerca de 220 famílias do bairro Baraldi, em São Bernardo, ficaram isoladas e não possuem mais acesso ao Jardim Selecta, que era o único trajeto possível para chegar ao Centro da cidade. Agora, o tempo estimado para quem vai até o Centro aumentou quatro vezes.

A equipe do Diário simulou viagem de carro até a Unidade Básica de Saúde do Jardim Silvina, que é a mais próxima ao bairro, pela Estrada da Pedra Branca, único acesso que sobrou. As famílias do Baraldi que necessitarem de atendimento médico dentro de São Bernardo precisarão percorrer 25 minutos em trecho irregular e cheio de buracos, por onde passa apenas um carro por vez. Veículos de grande porte não conseguem circular por esse trecho de dez quilometros.

A Prefeitura informou que o transporte público do Baraldi ao Centro será garantido por meio da alteração do traçado da Linha 26. Porém, o trajeto é longo: passa pela Estrada do Pedroso, Capitão Mário Toledo de Camargo e Avenida São Bernardo, em Santo André, antes de chegar a São Bernardo. EMO transporte escolar também continuará a ir ao bairro. Os ônibus farão o mesmo trajeto da Linha 26. Ou seja, passarão por Santo André antes de chegar às escolas de São Bernardo.

Ontem, no primeiro dia após a interdição, os moradores fizeram barreira em parte da via, como forma de protesto, para impedir que frequentadores chegassem ao Santuário Nacional de Umbanda - o acesso pela estrada estaria liberado.

Moradores passam por dia de caos após interdição

No primeiro dia após a interdição da Estrada do Montanhão, ontem, as famílias do bairro Baraldi passaram por situações complicadas para conseguir realizar atividades fora do bairro.

Com o bloqueio da via, os ônibus de transporte escolar municipal não chegaram até o local, e as crianças perderam aula. "Não tenho condições de levar minhas filhas de ônibus, porque vou gastar quatro horas para ir e voltar, percorrendo toda a cidade de Santo André. Não vou colocar a vida delas em risco", afirmou Renata Reis de Vasconcelos, 26 anos, mãe de duas filhas.

A situação é ainda pior para os idosos. Ramon Marto Morales, 78 anos, teve de andar cerca de 12 quilômetros para ir e voltar do trabalho. "Tive que passar por barro e dentro de um córrego. Voltei com a roupa toda suja. Na minha idade isso é muito ruim. Na volta fiquei muito cansado e tive que diminuir o ritmo", relatou.

Porém, Morales disse que esse não foi o maior problema que enfrentou. "O pior mesmo é que tenho a mulher doente em casa e se precisar de hospital não tenho como levar. A ambulância vai demorar muito para chegar aqui e fico preocupado com a saúde dela."

A preocupação de Mislene Cristiane de Lima era outra: corria contra o tempo para fazer matrícula da filha na escola. "Consegui agendamento no Poupatempo para tirar o RG dela, mas não tenho como ir. O problema é que dependo desse documento para fazer a matrícula", reclamou.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;