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Aposentados se mantêm em atividade
Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
23/11/2008 | 07:05
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Marina Brandão/DGABC


No País, existem 2 milhões de aposentados que trabalham com carteira assinada, frente a 40 milhões na informalidade. Isso é o que informa Benedito Marcílio, vice-presidente da Federação de Aposentados e Pensionistas do Estado de São Paulo e ex-presidente da Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas).

"Hoje, há mais de 15 milhões de aposentados endividados com empréstimos consignados", conta Marcílio. "O governo deveria pensar nessa parcela da população, que não é pequena, e oferecer uma anistia a eles", opina.

Os aposentados, segundo ele, têm acima de 55 anos e a maioria possui idade superior a 60 anos.

Para o dirigente, muitos deles se submetem a trabalhos insalubres e perigosos para conseguir comprar seus medicamentos, que são caros, e outros tantos sustentam suas famílias com essa verba. "Essa é uma idade para se desfrutar da vida, e não se submeter a uma intensa jornada de trabalho para sobreviver. A seguridade social possui recursos para melhorar a situação, mas não os utiliza", defende.

Na região - No Grande ABC há cerca de 400 mil aposentados, sendo 120 mil apenas em Santo André. Marcílio, entretanto, não dispõe de dados do mercado de trabalho na terceira idade.

Parte dessa parcela da população que trabalha informalmente na região exerce atividades como office-boy - faz serviço de banco e entrega malotes -, costureira, cozinheinha, artesão. Estes são autônomos ou recebem um salário raso, sem direito a vale-transporte ou refeição.

É o caso de João Pasternack, de 83 anos, que trabalha como "office-old" para um escritório de contabilidade de Santo André. Seu João é aposentado com um salário mínimo, e ganha R$ 80 por semana para levar e trazer documentos.

"Preciso trabalhar. Tenho que complementar minha aposentadoria para comprar comida e remédios", diz. Além disso, seu João perdeu recentemente a esposa, e trabalha para passar o tempo. "Se eu ficar em casa, parado, fico louco".

Apesar do pouco que recebe semanalmente, ele afirma que o trabalho é seu passatempo. E busca trabalho em outros escritórios também quando não há demanda no qual trabalha.

A outra parcela, que está empregada no mercado formal, geralmente desenvolve funções no varejo, trabalhando em restaurantes, lojas e supermercados. Estes têm melhores salários, pois recebem normalmente o que qualquer outro funcionário com o mesmo cargo ganha. Além disso, têm direito a férias, vale-transporte, refeição, convênio médico e plano odontológico.

Em contrapartida, têm horários mais rígidos a cumprir, já que todos os dias há trabalho.

Este é o caso de Maria Socorro Silva, de 60 anos, que com muito orgulho afirma trabalhar há dez anos na loja QStilo, do Shopping ABC Plaza, em Santo André.

"Sou muito vaidosa", conta. "Apesar de já estar aposentada, trabalho para complementar minha renda. Pago sozinha meu convênio médico, vou ao cabeleireiro, compro roupas".

Socorro ganha o piso de R$ 600 e trabalha de segunda a sábado. Se preciso, domingos e feriados. "Amo muito o que faço, e trabalhar me ajuda a rejuvenescer".




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