"Desde agosto do ano passado, a repressão causou 70 mortes no movimento popular, com 700 feridos e mais de mil presos injustamente, é a ditadura que governa com tiros", disse Evo Morales, referindo-se ao presidente do seu país, Gonzalo Sánchez de Lozada, a seus ministros e às forças de segurança.

"A pedido dos povos indígenas da Bolívia, apresentei há dois meses também aqui em Genebra uma denúncia sobre estes fatos ao Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos e não recebi nenhuma resposta, espero que agora a subcomissão peça a sanção que corresponde", acrescentou Morales, um deputado radical socialista.

Composta por 26 especialistas independentes eleitos pelos Estados membros da ONU, esta subcomissão se reúne durante três semanas por ano para dar seqüência e fazer propostas sobre questões relativas às minorias, povos indígenas, luta contra a discriminação e administração da Justiça no mundo.

Eleito pela primeira vez como deputado em 1997, Evo Morales foi reeleito em junho de 2002 para um novo mandato até 2007 com 87% de votos a favor, liderando atualmente um grupo parlamentar de legisladores provenientes de diferentes minorias indígenas, 36 deputados, atualmente a segunda força política do país.

"É hora de acabar com o terrorismo de Estado e com os governos quando ostentam o poder político e econômico e só sabem humilhar o povo boliviano. Para isso, utilizam a Polícia e o Exército contra nosso povo", resumiu Evo Morales ao comentar seu próprio discurso feito durante as deliberações da Subcomissão.

"Coloquei a comissão a par também da decisão do Tribunal Constitucional da Bolívia que cancelou a expulsão ilegal que me retirou durante alguns meses do Parlamento, devolvendo-me a vaga de deputado. Peço a punição dos culpados", finalizou Morales.