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Famílias contatam parentes no Chile

Moradores de Santo André e São Bernardo relatam caos
provocado por tremor de 8,8 graus ocorrido no sábado

Tiago Dantas
Do Diário do Grande ABC
01/03/2010 | 07:00
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O fim de semana foi marcado pela busca por informações sobre o terremoto para as famílias do Grande ABC que têm parentes vivendo no Chile. Como o telefone nem sempre funcionava, a internet foi o meio mais utilizado para transmitir relatos de um desastre que deixou mais de 700 mortos e destruiu centenas de ruas e edificações. Ainda há gente que não obteve notícias dos parentes.

A psicóloga Clara Eugênia San Martín Fernandez, 45 anos, ainda não conseguiu entrar em contato com uma tia, que mora em Concepción, cidade localizada próximo ao epicentro do tremor de terra de 8,8 pontos de magnitude na madrugada de sábado. "Os telefones estão cortados e quem tem celular está ficando sem bateria. Não há como carregar por causa do corte de energia elétrica", diz Clara.

Para saber se sua irmã e seu sobrinho estavam bem, a psicóloga recorreu ao site de relacionamentos sociais Facebook, onde descobriu que o bairro onde sua família estava morando, Puente Alta, em Santiago, capital chilena, não tinha sido um dos mais atingidos. "Conseguimos falar com ela por telefone às 17h30. Foi um alívio para todos nós."

Sábado aflito - A advogada e ex-vereadora de Santo André Heleni de Paiva, 61 anos, passou o sábado aflita. "Ouvi no rádio de manhã que tinha acontecido um terremoto no Chile, mas não tinha muita clareza da imensidão da coisa porque lá sempre ocorrem tremores de terra", conta Heleni, que só conseguiu falar com a filha Hylba por volta das 17h30. "Foi um dia de muito estresse", desabafa.

Hylba mora no Chile há oito anos. Dona de uma empresa de esportes radicais em São Filipe, cidade próxima à Cordilheira dos Andes, ela vive com o marido, Fernando, e os filhos Martina, 2, e Fernando, 1. "Ela disse que acordou com o barulho, pegou as crianças e foi para uma tenda que o marido montou no quintal, longe da fiação e de perigos. Muitos chilenos fizeram isso", afirma.

"Ela falou que, na hora do terremoto, você tem a impressão de que há um leão rugindo embaixo da terra. O barulho é ensurdecedor. Disse: ‘Mãe, achei que estava no Iraque. Na rua, você via reatores e lâmpadas explodindo' ", relata Heleni, que já pediu para a filha voltar ao Brasil. "Mas ela diz que tem mais medo de andar a pé por aqui do que de viver no Chile", revela. Hylba aguarda a liberação de sua casa. Por enquanto, está vivendo em uma vinícola.

Já a família da profissional de marketing Soledad Figueroa, 39, não tem nenhuma previsão de quando poderá voltar a morar em Concepción. "Eles tiveram sorte, graças a Deus, porque haviam saído para a casa de campo e não estavam na cidade. Mas eles não podem voltar para lá ainda. As estradas estão quebradas e parte da cidade está debaixo d'água", afirma Soledad, que só conseguiu notícia dos avós no início da tarde de ontem.

A vida de quem mora em Santiago, aos poucos, volta ao normal. A somelier Vânia Mutton, 26, contou a seus pais, que moram em São Bernardo, que já está vivendo em seu apartamento e que o abastecimento de água e luz está normalizado. "Teve outro tremor, mais fraco, mas as coisas estão dentro do normal", conta o tecnólogo em meio ambiente Orlando Mutton, 53, pai da jovem.

Não há notícia de brasileiros mortos
O Ministério das Relações Exteriores informou, por meio de nota, que foram restabelecidas as comunicações com a embaixada brasileira em Santiago. Até o momento, o ministério não foi informado sobre a existência de brasileiros entre os mortos do terremoto, que já ultrapassam 700.

As instalações do consulado geral foram afetadas e o prédio está interditado pela Defesa Civil do Chile. Na nota, o ministério afirma que "o governo brasileiro segue, com preocupação, o desenvolvimento dos acontecimentos".

Para reforçar o apoio que já vinha sendo prestado aos brasileiros residentes ou de passagem pelo país, ontem um diplomata brasileiro com experiência em assistência consular desembarcou em Santiago. "O embaixador e a cônsul-geral em Santiago estão em contato permanente com as autoridades chilenas em busca de informações de interesse e tomando as providências cabíveis no sentido de melhor assistir aos brasileiros", acrescentou o ministério.

O endereço da embaixada brasileira em Santiago é Calle Padre Alonso de Ovalle, 1.665. No Brasil, o Núcleo de Assistência a Brasileiros pode fornecer informações sobre a situação no Chile por meio dos telefones (0xx61) 3411-8804 e (0xx61) 3411-8805. O atendimento é feito entre 10h e 18h.

Resgate - Ontem, um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) aterrissou em Brasília após decolar de Santiago com 12 brasileiros (três militares e nove civis) que estavam no Chile. (Da AE)




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