A estimativa do IIF é de que os passivos das famílias na economia mundial aumentaram em US$ 7,7 trilhões desde a crise financeira de 2008 até este ano, dos quais US$ 6,2 trilhões vieram dos mercados emergentes, atingindo níveis "preocupantes" em alguns países, sobretudo Tailândia, Coreia do Sul, Malásia e China.
O Brasil é citado como um país que teve expansão do crédito para pessoa física nos últimos anos, mas ainda com nível baixo na comparação com outros mercados. O IIF menciona, porém, que as dívidas das pessoas físicas têm crescido no Brasil nos últimos anos em ritmo maior que a renda das famílias e que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
No País, o endividamento das famílias subiu desde a crise financeira mundial 12 pontos porcentuais, para 25% do PIB, valor abaixo de outros emergentes com níveis mais preocupantes de passivos nas pessoas físicas. Na China, houve um salto neste tipo de endividamento de 35% do PIB em 2007 para quase 60% em 2015. Na Coreia do Sul, alcançou 84% do PIB. Na Malásia e na Tailândia, as dívidas subiram para 70%. Em média, nos emergentes, o porcentual está em 32% do PIB e nos países desenvolvidos fica ao redor de 75%.
O nível de dívida das famílias brasileiras representa 46% da renda disponível, enquanto na Coreia chega a 165% e na Malásia, em 145%. Entre os países desenvolvidos, no Canadá, os passivos atingiram 153% da renda pessoal e na Suécia, 170%. O Brasil é o décimo emergente com maior nível de endividamento por pessoa física, em ranking liderado por Coreia, Malásia e Republica Tcheca. Os passivos médios nos emergentes por indivíduo somam US$ 3 mil, aumento de 120% ante a média de 2007.
A expansão do endividamento das pessoas físicas na economia mundial se deu em ritmo mais lento que o das empresas e dos governos nos últimos anos. Mas mesmo assim o IIF alerta os governos sobre os riscos desses passivos. A dívida das famílias soma US$ 44 trilhões, incluindo os países emergentes e os desenvolvidos.
O aumento dos juros nos Estados Unidos, que pode ocorrer já no mês que vem, deve encarecer o custo do crédito na economia norte-americana, além disso, o crescimento mais fraco da economia mundial e a queda dos preços dos imóveis podem afetar as finanças das pessoas físicas ao redor do mundo.
A piora da situação financeira das famílias pode comprometer bancos, por meio do aumento da inadimplência, e afetar negativamente o mercado de consumo, contribuindo para que o ritmo da atividade econômica permaneça fraco. "As autoridades precisam monitorar o acúmulo do endividamento das famílias para tomar as medidas prudenciais oportunas de modo a evitar que a dívida chegue a níveis insustentáveis", afirma o documento.
Nos países desenvolvidos, as dívidas das famílias tiveram até redução em alguns mercados no pós-crise financeira internacional. Em economias como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Irlanda, ocorreu uma desalavancagem no endividamento. Mesmo assim, o IIF estima que o passivo das famílias cresceu US$ 1,5 trilhão no primeiro mundo desde 2007, puxado por países como Suécia, Austrália e Canadá.
Nos EUA, houve redução sobretudo dos financiamentos de imóveis, ou hipotecas, ao mesmo tempo em que cresceu o empréstimo para estudantes e o crédito para a compra de veículos aumentou para níveis recordes, incluindo o avanço de financiamentos para pessoas de risco mais alto, ou "subprimes". Foi o avanço dos financiamentos imobiliários para esse público de maior risco que desencadeou a crise de 2008 nos EUA.
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