O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), admitiu ontem que poderá reconduzir o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro (PT) ao posto de secretário da mesma área na cidade. Irritado com a forma como o correligionário foi demitido pela presidente Dilma Rousseff (PT) – pelo telefone –, o chefe do Executivo evitou se alongar nos comentários sobre a saída do petista de Brasília, mas não negou a possibilidade de realocá-lo no primeiro escalão do Paço.

Visivelmente incomodado com o assunto, Marinho não quis cravar o retorno do correligionário. “Não sei, vamos ver”, desconversou, ao deixar a reunião mensal de prefeitos no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Questionado pela equipe do Diário sobre como avaliava a demissão de Chioro, o petista novamente saiu pela tangente. “Lamento”, disse o prefeito, que imediatamente entrou no carro oficial e ignorou as perguntas da imprensa sobre outros temas, entre eles o conturbado processo de escolha do secretário de Serviços Urbanos, Tarcisio Secoli (PT), como candidato do PT à sucessão municipal, em 2016.

Embora não admita publicamente, Marinho já prepara a volta de Chioro ao secretariado em São Bernardo desde que o Ministério da Saúde passou a ficar nos planos de Dilma para entregar ao PMDB em reforma administrativa para retomar a governabilidade no Congresso. A tentativa visa amarrar apoio do partido na Casa e reverter possível processo de impeachment.

Chioro foi demitido por telefone na terça-feira. No dia seguinte, Marinho informou aos secretários a hipótese de reconduzir o petista ao posto de secretário municipal de Saúde, vaga que ocupou entre 2009 e 2014 em São Bernardo. Na sexta-feira, Chioro transferiu oficialmente o posto ao deputado Marcelo Castro (PMDB-PI). Ainda assim, Marinho vem tratando do tema com cautela, para evitar ruídos no partido e no governo em um momento em que tenta convencer a militância e a bancada de vereadores a aceitarem a candidatura de Tarcisio. Alguns petistas defendem, nos bastidores, o nome do deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT).

ACOMODAÇÃO
Em janeiro do ano passado, Chioro deixou o cargo no Paço são-bernardense justamente para ocupar espaço no Planalto, em substituição ao então ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), candidato petista à época ao governo do Estado (ficou em terceiro lugar). A ida de uma figura de São Bernardo a Brasília, inclusive, se dava a acordo entre a nata petista e Marinho, que vinha brigando internamente para ser o nome do partido na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.

Médico continua com título em Santos

Ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro não transferiu seu título de eleitor para São Bernardo dentro de tempo hábil para se colocar como um dos candidatos do PT à sucessão do prefeito Luiz Marinho (PT).

Chioro tem domicílio eleitoral em Santos e seu nome é especulado no litoral paulista como potencial prefeiturável santista. Ele enfrentaria Paulo Alexandre Barbosa (PSDB).

Enquanto secretário de Saúde de São Bernardo, entre 2009 e 2014, Chioro sempre foi tratado como alternativa ao projeto eleitoral na cidade. A ida ao Ministério da Saúde, em janeiro de 2014, reforçou especulação sobre candidatura em São Bernardo.

Nos últimos meses, porém, Marinho escancarou predileção pelo secretário de Serviços Urbanos, Tarcisio Secoli (PT). Falou até mesmo em reunião do secretariado que Tarcisio vai representar o governo nas urnas e que todo primeiro escalão precisaria adotar trabalho de perfil político para enaltecer o escolhido.

Embora Marinho tenha encaminhado candidatura de Tarcisio, no PT são-bernardense ainda há resistência e, por isso, Chioro voltou a ganhar força quando a presidente Dilma Rousseff (PT), pelo telefone, confirmou sua demissão.

Chioro serviria como apaziguador nos grupos, porque existem muitos defensores da candidatura do deputado estadual Luiz Fernando Teixeira, que aparece à frente de Tarcisio em todas as pesquisas de intenções de voto já divulgadas – inclusive a do DGABC Pesquisas, publicada em agosto pelo Diário.