Cultura & Lazer Titulo Música
A fase controversa de Caetano
01/06/2010 | 07:00
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Com acentuado e estratégico retardo, a Universal lança a quarta e última caixa comemorativa dos 40 anos de carreira discográfica de Caetano Veloso, que, com exceção do compacto com "Samba em Paz e Cavaleiro" (RCA, 1965), lançou todos os discos por essa gravadora, desde quando era Philips. O último lote de "Quarenta Anos Caetanos", com 11 CDs (R$ 200), cobre o período de 1995 a 2007, em que o baiano despertou críticas negativas/divididas (aos álbuns "Livro", "Noites do Norte" e "A Foreign Sound") e entusiasmadas (caso do sensacional "Eu Não Peço Desculpa", com Jorge Mautner, e de "Cê").

Nesse tempo, Caetano também fez cinco registros de shows - "Fina Estampa ao Vivo", "Prenda Minha", "Omaggio a Federico e Giulietta", "Noites do Norte ao Vivo" e "Cê ao Vivo". A diferença (e vantagem) desses para outros do gênero, é que os roteiros de seus shows primam pela precisão e pela coerência e têm sempre boas surpresas em repertório, arranjos e interpretações. Diz o pesquisador Rodrigo Faour, autor dos textos do encarte, que ‘o despretensioso' Prenda Minha é o recorde de vendas da carreira de Caetano.

RARIDADES - Em relação a todos esses CDs - já gravados pelo processo digital, ao contrário dos outros da era do LP, remasterizados - não há novidades. Mas vale lembrar que os mais estimulantes são aqueles em que Caetano se associou a músicos e produtores da nova geração. "Eu Não Peço Desculpa" foi produzido por Kassin, e Cê, com a coprodução de Moreno Veloso, tem a marca do trio Pedro Sá, Ricardo Dias Gomes e Marcello Callado, que continuou com ele em "Zii e Zie", de 2009, não incluído no pacote porque não tinha mesmo de estar.

O chamariz da caixa, como das anteriores, é o CD extra, contendo raridades, algumas reais, outras pressupostas. Essa tem menos - não há nada que não tenha saído em CD, só é vantajoso porque junta o material espalhado por outros discos, embora Caetano tenha feito muito mais gravações avulsas em projetos alheios.

Intitulada "Que De-Lindo" (versão de "It's De Lovely", de Cole Porter), a compilação abre com um dueto com Gal Costa em "A Luz de Tieta", samba-reggae do longa-metragem Tieta, de Cacá Diegues e tem outro tema feito para cinema, "Ó Paí, ó" (com Jauperi).

Há também a rara "Machado de Xangô" (extraída de um disco de Saul Barbosa) e felizes e/ou inusitados encontros com Margareth Menezes ("Vestido de Prata"), Olodum ("Lua de São Jorge"), Alcione ("Pedra de Responsa"), Maria Bethânia ("O Canto de Dona Sinhá") e Flávio Venturini ("Céu de Santo Amaro", adaptação de belíssima melodia de J.S. Bach).




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