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'Aurélia Schwarzenêga' segue com filmagens no ABC
Por Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
08/09/2002 | 17:50
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Romance, tensão racial e muita ação marcaram a semana de filmagens noturnas do longa-metragem Aurélia Schwarzenêga em São Bernardo. Desta vez, o cenário foi a boate Catedral Hall, na avenida Rudge Ramos, onde pela primeira vez nesta produção a equipe reuniu cerca de 300 figurantes escolhidos entre moradores da região. As filmagens prosseguem até meados de outubro, em outras locações na cidade.

A produtora Sara Silveira, da Dezenove Produções, parceira em muitos filmes do diretor Carlos Reichenbach, elogiou a postura acolhedora da equipe na cidade e prometeu lançar o filme no ano que vem, primeiro em São Bernardo. “Fomos bem recebidos, as pessoas colaboram, os vizinhos ajudam. Acho que ficaremos quase dois meses aqui enchendo a paciência mas eu quero fazer a primeira projeção pública de Aurélia aqui, em praça pública, para o povo. É um presente que quero dar para a cidade”, afirmou.

Na quarta e na quinta-feira últimas, Sara acompanhou as filmagens no set montado pela equipe de direção de arte na boate. Foram rodadas de segunda-feira até a madrugada deste domingo cenas de baile no Clube Democrático.

Racismo - No filme, o salão é freqüentado pelas amigas e colegas operárias, que trabalham em uma tecelagem em concordata. São as estrelas da produção. Depois da diversão, algumas vão embora, outras ficam. Daí chega a gangue de neofascistas de Salesiano (Selton Melo) e Fábio (Fernando Pavão), já no fim do baile, procurando encrenca e provocando briga.

As cenas de briga foram rodadas na quarta e na quinta-feira. As personagens Aurélia (Michelle Valle), Antuérpia (Vanessa Alves), Paula Nelson (Natália Lorda) e Suzana (Luciele Camargo) já haviam deixado o Clube Democrático. Ficaram Marcinha (Vanessa Goulart), Lucineide (Fernanda Carvalho Leite), Indalércia (Viviane Porto) e Nair (Kelly di Bertholi).

Com elas estavam André Luiz, o sindicalista (Dionísio Neto), e Osório (Nill Marcondes). Salesiano tem uma velha rixa com André, a quem chama para a briga. A tensão sobe também no sentido racial, pois Fábio pergunta pela “negrinha” (Aurélia, a quem namora e que já havia ido embora) e chama Indalércia de “toncha”. No filme, a família de Aurélia não aceita que a filha namore um branco, enquanto Fábio esconde seu romance dos amigos racistas.

Carlão queria mostrar uma explosão emocional de violência racial, enquanto a equipe de Hu preparava o cenário para a briga. Três mesas cenográficas estavam preparadas para serem quebradas. Carlão pediu ao diretor de ação Dani Chao Hu o máximo de realismo nos socos, ensaiados pelos atores Milhem Cortaz, que faz o Alemão da gangue neofascista, e Nill, que é jogado sobre a mesa. Se ficasse fajuto, era para cortar. Foram três ensaios só com a coreografia de socos, sem quebrar a mesa, e três tomadas filmadas.

A Briga - Antes, foram rodadas cenas de pancadaria geral no baile, com stunts sendo chutados ou empurrados, sob orientação de Chao, que também cuidou para que a gangue subisse a escadaria de acesso ao salão peitando seguranças com realismo.

O grupo de neofascistas, todos prostrados, usando roupa preta (exceto Milhem Cortaz, careca e de colete bege), faz o baile parar para olhar para eles. É a imagem de selvagens da noite que Carlão queria. A seqüência toda é a seguinte: a câmera vem em travelling pelo salão mostrando os casais dançando. A música pára, todos aplaudem. Alemão grita. Todos se voltam para os neofascistas, que estão parados, com olhares fixos na mesa em frente, prontos para arrebentar.

Esta tomada valeu, depois de três ensaios e broncas de Carlão nos figurantes. Eles deveriam virar-se e olhar para o grupo com naturalidade ao ouvir o grito de Alemão. Mas alguns arriscavam uma interpretação neste rápido momento: gestos de espanto, olhares arregalados, caras e bocas. Nada do que o diretor queria, mas quem estava por ali queria mesmo esta fugaz perspectiva de fama.




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