Setecidades Titulo Segurança pública
A cada 30 minutos um veículo é roubado ou furtado na região

Nos três primeiros meses de 2022 foram registradas 4.041 ocorrências; março tem alta de 15,7% em relação a fevereiro

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
27/04/2022 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


As cidades do Grande ABC registraram um roubo ou um furto de veículo a cada 30 minutos no primeiro semestre deste ano. Por dia foram quase 45 veículos roubados ou furtados. No total, os sete municípios da região contabilizaram 4.041 infrações do tipo, sendo 1.494 roubos e 2.547 furtos entre janeiro e março, segundo dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado divulgados na segunda-feira. O número é similar ao registrado em 2019, ano pré-pandemia, quando foram 4.019 ocorrências no primeiro trimestre.

Na comparação entre fevereiro e março deste ano, a alta foi de 15,7%, já que foram 1.269 ocorrências em fevereiro e 1.469 em março. O crime de furto, quando não há violência, representa a maior parte dos crimes, com 63% do total. O número de ocorrências computado no Grande ABC representa 10% dos casos registrados em todo o Estado. 

Santo André concentra 39.8% das ocorrências da região no período. De janeiro a março deste ano a cidade computou 1.610 infrações, sendo o mês passado o com mais casos de roubos ou furtos de veículo do ano, com 628. São Bernardo aparece na sequência, com 1.011 casos, seguida por Mauá (677) e Diadema (449) – veja os dados completos na abaixo. 

O grande movimento nas vias devido ao relaxamento das medidas restritivas impostas pela pandemia da Covid-19 é um dos principais motivos para o aumento expressivo de ocorrências, conforme explica Jorge Lordello, especialista em segurança e ex-delegado. “Os criminosos também ficaram reclusos durante esse período e tiveram prejuízos. Agora, com a volta a normalidade, assim como os comerciantes precisam vender mais para gerar lucro, os assaltantes estão aproveitando o alto fluxo nas vias para roubar ou furtar mais”, declarou Lordello. 

O especialista ainda aponta a venda de peças roubadas na internet como outro fator para o expressivo número de infrações. Lordello ressalta que assim como em outros setores da sociedade, a criminalidade também se adaptou as novas tecnologias. “Agora é comum que peças roubadas de veículos sejam vendidas em grupos de WhatsApp ou em redes sociais. No ambiente virtual fica mais difícil fazer o rastreamento das peças e comprovar a legalidade”, diz o ex-delegado. 

Para Carlos Toschi Neto, mestre em inteligência estratégica e ex-delegado da Polícia Federal, a falta de fiscalização e investigação dos casos contribuem para o crescimento de roubos e furtos de veículos. “Falta policiamento ostensivo nas cidades para coibir a prática, e depois do ocorrido é preciso ter investigação policial para evitar novos casos. Infelizmente, as investigações são precárias e não conseguem chegar nos receptores que financiam esse tipo de crime”, pontuou Toschi.

Devido à crise financeira, o mercado ilegal de peças também cresceu. “É importante ressaltar que a falta de recursos das pessoas para comprar veículos novos influência no comércio de automóveis usados e a criminalidade acompanha este cenário. Muitos lugares oferecem peças automotivas ilegais, que apresentam preço bem menor do que a vendida legalmente e a falta de dinheiros faz com que as pessoas acabem optando por essa opção mais em conta”, conclui Toschi. 

Procurada pelo Diário para comentar o aumento expressivo nos casos, a SSP não respondeu à demanda.




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