Clinton vai passar apenas algumas horas no Paquistao e cinco dias na India, mas o regime militar pode aproveitar essa visita para tentar melhorar sua imagem no exterior, depois do repúdio internacional ao golpe de Estado que levou Musharraf ao poder em outubro passado.

O ministro das Relaçoes Exteriores, Abdul Sattar, afirmou que ``para o general Musharraf será um prazer explicar ao presidente Clinton a visao do seu governo a respeito do estabelecimento de uma verdadeira democracia no país'. A tarefa do general nao será fácil, já que na quarta-feira o governo paquistanês reduziu ainda mais as liberdades políticas e decidiu proibir as greves, as manifestaçoes e as reunioes políticas públicas.

Clinton disse que ``nao ir (ao Paquistao) seria um erro', mas fez questao de frisar que a visita de maneira nenhuma representava ``uma aprovaçao a um processo nao democrático que se instalou aqui'.

O general Musharraf derrubou o primeiro-ministro Nawaz Sharif em 12 de outubro passado, depois que Sharrif o demitiu do cargo de comandante em chefe das forças armadas. Musharraf suspendeu a Constituiçao, interveio no Judiciário e dissolveu o Parlamento e as assembléias provinciais.

Clintou destacou a influência positiva dos Estados Unidos para a restauraçao da democracia no Paquistao e para a resoluçao de problemas futuros. Sattar, por sua vez, afirmou que o Paquistao estava disposto a discutir as preocupaçoes dos Estados Unidos sobre terrorismo islâmico e sobre produçao e tráfico de drogas.

Os americanos tentam conseguir a expulsao do islamita Osama Ben Laden, a quem acusam de ser o responsável por atos terroristas contra cidadaos americanos. Osama vive sob a proteçao dos talibas no Afeganistao, país que se converteu no maior produtor mundial de ópio.

O Paquistao espera que a visita de Clinton ajude na soluçao do problema da Caxemira, regiao do Himalaia disputada com a India. Os Estados Unidos reafirmaram sua disposiçao de tomar parte na mediaçao do conflito. Mas para se envolver o presidente Clinton deve pedir ao Paquistao e à India que assinem o Tratado de Proibiçao Completa de Testes Nucleares, de 1998.