Setecidades Titulo Pra quem tem fome
Região investe R$ 100 milhões para dar comida a quem precisa

Ações foram criadas por causa da Covid, entre elas distribuição de cestas básicas e cartões para compras

Yasmin Assagra
Diário do Grande ABC
01/01/2021 | 07:00
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Com as aulas presenciais suspensas por causa da pandemia da Covid-19, as prefeituras da região adotaram ações para garantir comida a famílias carentes, como entrega de cartão merenda ou o envio de kits para os alunos da rede municipal. A medida visa oferecer aos estudantes alimentação similar à que teriam durante o período escolar, favorecendo crianças que, muitas vezes, dependiam da refeição escolar. Até agora, o Grande ABC investiu aproximadamente R$ 100 milhões nos programas de benefício aos estudantes e suas famílias.
 

Com o retorno das aulas presenciais previsto para fevereiro de 2021, Santo André, em parceria com o Fundo Social de Solidariedade, optou pela entrega de uma cesta de alimentos e itens de higiene na casa de 36 mil alunos matriculados na rede municipal – o projeto se chama Merenda em Casa. O programa de entrega mensal, em dezembro, entrou na oitava fase e a administração garantiu que será mantido enquanto as aulas presenciais não forem retomadas. Até o momento, em torno de 225 mil kits foram entregues, com investimento de cerca de R$ 16 milhões.
 

Com formato parecido, Diadema também ofereceu cesta de alimentos para 33 mil alunos da rede municipal, incluindo EJA (Educação de Jovens e Adultos), pelo programa Aluno em Casa, Merenda na Mesa. Até o mês de agosto, foram investidos R$ 5,7 milhões na iniciativa, e a gestão do ex-prefeito Lauro Michels (PV) destacou que mantém diálogo com representantes do prefeito José de Filippi Júnior (PT) – que toma posse hoje – para encaminhamento da transição na área de educação. A Prefeitura não divulgou os dados atualizados até dezembro até o fechamento desta edição.
 

Já em São Bernardo, o modelo Cartão Merenda registrou, em dezembro, sua nona recarga, no valor de R$ 85 por aluno – sendo cumulativo para famílias que possuem mais de uma criança matriculada –, para auxiliar os 82 mil estudantes da rede municipal. O benefício totalizou investimento de R$ 56 milhões e vai perdurar enquanto as aulas presenciais estiverem suspensas. O valor é destinado exclusivamente à compra de alimentos. Em torno de 70 mil cartões (bandeira Alelo) estão em posse dos pais ou responsáveis.
 

São Caetano iniciou o benefício com a distribuição de cestas merenda para os 22 mil alunos da rede municipal do ensino infantil até o médio, mas a administração optou pela troca, a partir de maio, pelo Cartão Merenda em Casa, no valor de R$ 90. O atual modelo do benefício acumulou investimento, até o momento, de mais de R$ 13 milhões, mas a administração não garante o auxílio-merenda para 2021, uma vez que, com a volta das aulas presenciais, a Prefeitura retornará com a merenda na própria escola.

NOVA GESTÃO - O cenário em Mauá e Ribeirão Pires segue parecido com o de Diadema. Apesar de também terem aderido ao benefício de Cartão Merenda em Casa, a continuidade dos projetos em 2021 depende das novas gestões nas duas cidades, que a partir de hoje estarão sob comando dos prefeitos eleitos Marcelo Oliveira (PT) e Clóvis Volpi (PL), respectivamente. Em Mauá, as oito parcelas distribuídas para 20,5 mil alunos da rede municipal foi de R$ 60 cada, com investimento de R$ 9 milhões.
 

Já em Ribeirão Pires o benefício é destinado aos 2.114 alunos que estão cadastrados em situação de vulnerabilidade e recebem, por mês, R$ 60 – com média de R$ 1 milhão gastos mensais. O valor é creditado no Cartão Merenda, que pode ser utilizado em estabelecimentos credenciados para compra de alimentos. Em Rio Grande da Serra, a administração informou que, até o momento, não tem programação em andamento e que qualquer passo nesse sentido será dado a partir da posse de Claudinho da Geladeira (Podemos), prefeito eleito.

Kits escolares só estão confirmados em três cidades

Diante das eleições municipais deste ano, e da reeleição dos prefeitos de duas das sete cidades, os kits e entrega de uniformes escolares, até o momento, só estão garantidos em três municípios – Santo André e São Bernardo seguem com seus prefeitos e São Caetano, a despeito da indefinição jurídica do futuro gestor, anunciou que manterá os programas. Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra só deverão ter definição a partir da posse das novas gestões, hoje.
 

Santo André adiantou que o processo de compra está em fase final. A entrega dos itens será feita logo no início das aulas, previsto para fevereiro, da mesma forma como aconteceu nos demais anos, porém, não há data estipulada para o começo da distribuição. A

São Bernardo também informou que a entrega dos kits e uniformes será feita um dia antes do início do ano letivo. Cada kit de uniforme contém dez peças, enquanto o conjunto de materiais escolares é variado para atender tanto a educação quanto o ensino fundamental. Ambos dispõem de pelo menos 12 itens cada. O investimento foi de aproximadamente R$ 16 milhões, segundo a Prefeitura.
 

Para 2021, São Caetano também já confirmou a distribuição dos kits escolares. O processo ainda não foi finalizado, mas a administração já fez a adesão à ata do Ministério da Educação para compra. Sobre o uniforme escolar, o Paço deve continuar com o modelo de Auxílio Uniforme Escolar, no valor de R$ 215 por aluno. Assim, pais e responsáveis podem escolher o local de compra dos uniformes no município. A Prefeitura não informou o valor do investimento total.

Família de S.Caetano elogia cartão merenda: ‘Complemento’

Moradores do bairro Santa Maria, em São Caetano, a dona de casa Tays Locatelli Binhardi, 40 anos, e seus filhos, Gabriela, 6, e Giovanni, 9, aprovaram a adoção do cartão merenda por parte da Prefeitura durante o tempo em que os alunos forem obrigados a estudar remotamente devido à Covid-19. As crianças estudam na Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Castorina Faria Lima e Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Dom Benedito Paulo Alves de Souza,
 

A família recebe R$ 180 por mês, já que são dois estudantes matriculados na rede municipal, e prioriza a compra mensal em estabelecimentos da própria cidade. “São muitos comércios que aceitam (o cartão), mas, às vezes, estamos em outra cidade e conseguimos também fazer a compra. O cartão complementa a nossa renda todo o mês, deu essa flexibilidade na alimentação deles”, destaca Tays.
 

Gabriela e Giovanni, antes da pandemia, estudavam em tempo integral nas escolas, e das 8h às 16h30 faziam três refeições por dia. Desde que eles iniciaram as aulas remotas, a mãe tenta seguir essa rotina em casa. “Por mais que tentemos nos encaixar na rotina que eles já tinham, em casa eles acabam comendo mais. Então, o cartão ajuda nas nossas despesas e não pesa no orçamento”, detalha. “Claro que quando eles voltarem para a escola será melhor, pois vamos entender que a Covid acabou. Mas enquanto isso, vamos nos ajeitando em casa”, finaliza.




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