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Admir manobra e joga análise de impeachment de Atila para 2019

residente da Câmara de Mauá e pai do prefeito preso aponta falta de documentos em pedidos e evita liderar sessão que pode cassar o próprio filho

Daniel Tossato
do dgabc.com.br
29/12/2018 | 07:00
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Claudinei Plaza


O presidente da Câmara de Mauá, Admir Jacomussi (PRP), utilizou de manobra para não levantar recesso com o objetivo de apreciar os dez pedidos de impeachment contra seu filho e prefeito afastado de Mauá, Atila Jacomussi (PSB) (veja mais abaixo). Com isso, encerrará sua gestão à frente da Casa sem precisar liderar sessão que pode culminar com a cassação de seu filho, já que o assunto ficará para 2019, quando o Legislativo será presidido por Vanderlei Cavalcante da Silva, Neycar (SD).

A alegação de Admir foi a de que nenhuma das solicitações estava com a documentação completa para dar andamento ao processo e, assim, precisar interromper as férias dos vereadores, como pediu grupo de parlamentares nesta semana.

No documento expedido pelo chefe do Legislativo quase no fim do expediente, Admir explicou que os requerimentos foram devolvidos à diretoria legislativa com os apontamentos que precisavam ser corrigidos.

Assim, a decisão de tirar os vereadores das férias para a votação do impedimento de Atila ficará a cargo de Neycar, eleito presidente do Legislativo para o próximo biênio na última sessão da Câmara, com 14 dos 23 votos dos parlamentares – nove foram em branco. Apesar de governista, Neycar recebeu votos por se dizer insatisfeito com gestão de Atila Jacomussi.

“Foram devolvidos dois dos três requerimentos protocolados, ou seja, o requerimento assinado por Getúlio Batista de Andrade e outros, representantes do Partido dos Trabalhadores, e o requerimento assinado por Eduardo da Silva Ribeiro e outros”, comenta Admir, no documento assinado ontem e enviado a todos os vereadores.

No mesmo memorando, Admir informa que a sessão extraordinária que apreciará o pedido de cassação de Atila “será marcada tão logo estejam regularizadas as documentações dos requerentes mencionadas através do parecer jurídico desta Casa.”

Momentos antes de externar a publicação oficial, a diretoria da Câmara alegou que a demora da resposta de Admir se deu devido a “problemas internos que precisariam ser solucionados”. Porém, não informou quais problemas eram estes. Um dos únicos vereadores que estavam presentes na Câmara no momento em que Admir entregou o documento informando que não levantaria recesso, Marcelo Oliveira (PT) disse que esperava que o presidente poderia usufruir desta manobra. “Ele mandou a resposta perto do fim do expediente da Câmara, exatamente para não termos tempo para articulações.”

HABEAS CORPUS
Por meio de nota, Atila desmentiu boatos de que teria mudado sua equipe de advogados, encabeçada por Daniel Leon Bialski.

A explicação do prefeito se deve ao fato de que houve um segundo pedido de habeas corpus impetrado junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelo advogado Humberto Geronimo Rocha. Segundo a nota enviada pela equipe do prefeito, o pedido de Rocha seria por conhecimento de causa e teria intuito de colaborar com Atila.

O chefe do Executivo, que está preso em Tremembé, agradeceu a colaboração do advogado, com alegação de que houve excesso da PF (Polícia Federal), que não teria provas concretas para impedi-lo de exercer sua função de prefeito.

Mais duas solicitações de cassação são protocoladas

Mais dois pedidos de impeachment do prefeito afastado de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), foram protocolados na secretaria da Câmara de Mauá. Com isso, dez solicitações de cassação chegaram às mãos do presidente da Casa, Admir Jacomussi (PRP).

Um deles partiu da sociedade civil que se organizou por meio de um grupo chamado Endireita Mauá. O outro requerimento foi rubricado pelo PSL, partido do presidente eleito Jair Bolsonaro.

“Viemos protocolar uma ação popular e não partidária e a gente espera que seja julgada rapidamente para que a cidade volte a se desenvolver”, justificou Christian Seixas, 53, coordenador do grupo Endireita Mauá, que registrou seu documento na tarde de ontem.

Com a possibilidade de Admir não levantar o recesso, como de fato aconteceu momentos após Seixas ter protocolado o pedido, o coordenador do movimento disse entender essa situação, já que o presidente da Câmara é pai de Atila. “Se ele pensa na cidade, já que está em seu oitavo mandato, Admir teria que levantar o recesso e votar o impedimento do prefeito, mas como há a ligação entre pai e filho, também entendo e respeito a decisão.”

Para Davidson Rodrigues de Souza, 29, representante do PSL de Mauá, hoje há ingovernabilidade da cidade e o impedimento do prefeito poderia resolver essa questão. “Temos que mudar a página de vez. A chance do Atila já passou. Agora poderíamos dar uma chance para Alaíde Damo (MDB, vice-prefeita e chefe do Executivo em exercício) assumir de maneira oficial e não mais interina. Isso poderia fazer a cidade andar”, justificou.

Alaíde inicia devassa no primeiro escalão do Paço

JÚNIOR CARVALHO
juniorcarvalho@dgabc.com.br

Empossada na quinta-feira, a prefeita interina de Mauá, Alaíde Damo (MDB), começou ontem mesmo a devassa no primeiro escalão que havia prometido. Pelo menos 11 secretários do governo Atila Jacomussi (PSB) deixaram seus cargos.

A lista é encabeçada por figuras mais próximas ao prefeito preso: Israel Aleixo (PSB, Governo), a primeira-dama Andreia Rolim Rios (Política para as Mulheres) e Márcio de Souza (chefia de Gabinete e Comunicação). Os próprios secretários de Atila teriam entregue, já na quinta, pedidos de exoneração.

Também deixarão o governo Adriana Belic (Cultura e Juventude); Ciomar Okabayashi (Desenvolvimento Econômico); Fernando Coppola (Educação); Cláudio Lourenço (Segurança Alimentar); Gilberto João de Oliveira (Obras); Luiz Carlos Perlatti (Planejamento Urbano); Elder Almeida (Trânsito e Sistema Viário) e Paulo Sérgio Pereira (Sama – Saneamento Básico do Município de Mauá).

Ontem mesmo Alaíde começou a substituição no primeiro e segundo escalões. Na Sama, a prefeita em exercício indicou Toninho Bertucci (MDB) para o cargo. O emedebista foi secretário no governo do ex-prefeito Leonel Damo, marido de Alaíde, e também atuou como assessor parlamentar da ex-deputada estadual Vanessa Damo (MDB), filha da prefeita interina. As demissões também teriam atingido vários secretários adjuntos e diretores de diversos setores.

Logo ao assumir, Alaíde avisou que trocaria praticamente todo o secretariado porque, segundo ela, não iria ficar com uma “equipe que trabalhará contra” a prefeita. Ela cravou apenas a permanência de Rogério Babichak (Assuntos Jurídicos). O nome de Sérgio Galvano é cotado para assumir a Pasta de Governo.
 




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