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Briga nos bailes aumenta preconceito
Marcela Munhoz
Diário do Grande ABC
21/08/2011 | 07:00
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A discriminação é problema antigo, assim como ocorreu (e ainda ocorre) com samba, rap e hip hop, segundo Silvio Essinger, jornalista e autor do livro Batidão - Uma História do Funk. Vem da época em que os bailes viraram desculpa para brigas, o que ainda acontece.

Tanto que há discussões na Assembleia Legislativa de lá sobre os batidões nas favelas. "O governo e as prefeituras tentaram esconder o funk, mas só conseguiram marginalizá-lo. Proibir, vetar e prender funkeiros é absurdo", afirma MC Leonardo, que sonha em levar o movimbento a outro patamar. "Queremos respeito".

Segundo o MC, há funk de todo tipo e não dá para generalizar. "Há os que fazem apologia ao crime (estilo chamado Proibidão), mas não são todos. Trata-se de uma manifestão cultural brasileira legítima", explica Silvio. Funkeiros do Proibidão dizem que só relatam a realidade, o que não significa apologia. Já o teor sensual é uma das características essenciais do ritmo. "As ‘Mulheres Fruta' são subproduto do funk. É televisivo", diz o jornalista. Há quem acredite, inclusive, que a erotização do funk surgiu para amenizar a violência dos bailes.

Choque de culturas - A fama não impede de o ritmo ser motivo de reclamações por causa das letras e bailes de rua. Segundo a psicanalista Elizandra Souza, poucos conhecem o funk e sabem o que acontece nas favelas nem entendem o que os funkeiros querem dizer de verdade.

"Encaram como absurdo, mas é só uma forma de expressão, como tantas outras." O positivo, na opinião da psicanalista, é que reúne a comunidade. A forma como falam de sexo e violência faz parte da rotina deles, por isso, estão nas letras. "Se quem ouve não se sente recriminado, tudo certo."

É preciso respeitar o espaço do outro e dar oportunidade para entender o que está por trás do funk. "Não dá para apenas não aceitar. Tem de conhecer antes para tirar uma conclusão", afirma. MC Leonardo da Apafunk é enfático: "Quem tem preconceito tem que se tratar. Queremos acabar com a perseguição. Não dá para culpar o funk por tudo."




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