Um aumento dos casos de estupro de mulheres pelos sérvios em Kosovo, durante a semana que se seguiu aos primeiros bombardeios da Organizaçao do Tratado do Atlântico Norte (Otan), foi assinalado como um fato comprovável por um informe realizado pela psicóloga especialista em traumatismos ligados às violências sexuais, Dominique Serrano-Fitamant, que realizou um estudo nos acampamentos de refugiados na Albânia, entre 27 de abril e 8 maio de 1999.

Através dos testemunhos de mulheres estupradas, o texto evoca ``raptos de grupos de 5 a 30 mulheres nas localidades e cidades menores de Kosovo'. Essas mulheres eram levadas para casas onde viviam dezenas de militares para serem ``estupradas por vários homens durante algumas horas ou até durante dias', mas nenhuma das mulheres entrevistadas disse ter sido vítima ou testemunha de ``um seqüestro de mais de três dias'.

A autora do informe indica que carece de elementos que permitam estabelecer com firmeza que houve uma ``sistematizaçao' dos estupros nesse conflito, mas que essas agressoes causam gravidez e que o ``numero de estupros será conhecido no momento em que as mulheres derem à luz, dentro de alguns meses'.

No entanto, o tabu em relaçao estupro é tao significativo para os kosovares que o informe expressa o temor de que esses recém-nascidos nao venham a ser, em sua maioria, aceitos pela família. ``É bem possível que um número importante de bebês seja abandonado nos próximos meses', enfatizou Dominique Serrano-Fitamant.