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Coronel da PM auxilia defesa de Rambo
Por Sérgio Saraiva
Da Redaçao
11/04/2000 | 00:01
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O tenente-coronel Ruy Francisco Azevedo, da Corregedoria da Polícia Militar, confirmou nesta segunda que está colaborando com a defesa do ex-policial Otávio Lourenço Gambra, o Rambo, acusado pela morte do conferente Mário José Josino no caso da favela Naval. Segundo ele, essa colaboraçao é do conhecimento do comando do órgao, que tem a funçao de investigar policiais que cometem delitos. O novo julgamento do ex-policial começou nesta segunda no Fórum de Diadema.

O envolvimento da Corregedoria na defesa de Rambo surpreendeu o promotor José Carlos Guillem Blat, que pela primeira vez dispensou o esquema de proteçao que o órgao lhe prestava. O responsável pela acusaçao compareceu nesta segunda ao Fórum de Diadema apenas com seguranças do Grupo de Atuaçao Especial contra o Crime Organizado. "Que segurança eu teria?", questionou. O promotor pretende interpelar formalmente a atuaçao da PM.

Com base na afirmaçao do tenente-coronel de que a bala que matou Josino nao saiu da pistola de Rambo, contrariando os laudos do Instituto de Criminalística e da Universidade Estadual de Campinas, o advogado de defesa Gamalher Corrêa tentou suspender o julgamento na sexta-feira passada e aprovar um habeas-corpus no Tribunal de Justiça, ambos negados. A ameaça de suspensao perdurou até o início da noite, quando o TJ solicitou informaçoes da juíza em um prazo de 48 horas.

Atraso - A pendência do caso no TJ e o envolvimento da Corregedoria nao foram os únicos elementos de tensao no plenário do Tribunal do Júri. A sessao, marcada para as 10h, começou com um atraso de três horas devido à ausência de duas vítimas arroladas para depor. Jefferson Caputi, motorista do Gol onde Josino morreu, foi conduzido coercitivamente (detido) ao Fórum por dois oficiais de Justiça. Já Sílvio Calixto Lemos nao foi encontrado. 

Auxílio - O porta-voz da PM, capitao Roberto Alves, disse que o comando da corporaçao nao vai se manifestar sobre o assunto antes de ouvir o tenente-coronel, quando entao será expedida uma nota oficial. Segundo ele, o militar, nesta segunda arrolado como possível testemunha, vai falar no Tribunal em seu nome, e nao pelo órgao. 

De acordo com o tenente-coronel Azevedo, o pedaço de chumbo encontrado no corpo de Josino poderia pertencer a uma bala de revólver calibre 38, e nao a uma pistola. As balas de armas semi-automáticas, segundo ele, sao revestidas de cobre e zinco (latao), e nao havia sinais desse material no fragmento. O laudo do Instituto de Criminalística, baseado em estudo com microscópio eletrônico de varredura, mostra que o chumbo tinha sinais de cobre e zinco, além de pedaços de vidro.  

O militar, que poderá ser chamado a depor pela juíza Cláudia Maria Carbonari de Faria, poe em dúvida também as imagens de computaçao gráfica que ilustraram os laudos do IC e da Unicamp. "Os dois trabalhos sao irrepreensíveis e, com métodos diferentes, chegaram à mesma conclusao, incriminando Gambra", contestou Blat. "Além do mais, a defesa teve todo o tempo do mundo para questionar os laudos e nao o fez. Por que agora, três anos depois do crime?"  

O novo laudo estaria sendo elaborado por Joao Carlos da Silva, técnico indicado por Azevedo. Tarefa que, segundo o militar, está sendo coordenada por Gamalher. "O trabalho está sendo feito de forma gratuita", afirmou o advogado.




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