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INSS concede benefício depois de reportagem
Michele Loureiro
Especial para o Diário
11/04/2007 | 07:11
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Na edição do dia 2 de abril o Diário contou o drama de Luciano da Silva Pedro, 33, que mesmo tendo feito uma cirurgia de hemorróida há poucos dias e sem condições de retornar ao trabalho, recebeu alta dos médicos peritos do INSS, em duas perícias.

Depois da série de reportagens publicadas pelo Diário sobre as falhas do INSS, a empresa onde Luciano trabalha foi contatada pela entidade para marcar uma revisão do caso. O Diário acompanhou Luciano na nova perícia marcada para às 13h do dia 10 de abril.

Dessa vez o tratamento foi especialmente diferenciado. Quando chegou ao INSS de Santo André, Luciano soube que não precisaria enfrentar as filas do primeiro andar, já que seria prontamente atendido no terceiro piso. Luciano aguardou poucos minutos pelo médico. O perito ouviu todas suas queixas sem falar muito, enquanto outra médica perita acompanhava a consulta.

Luciano foi examinado superficialmente pelo perito que parecia querer dar razão ao paciente. “Realmente você está com um corte aqui”, disse o doutor. Mas Luciano afirma que o médico que o acompanha no tratamento jamais deu esse diagnóstico. “Meu problema é interno, não há corte algum”, conta.

Por alguns minutos os médicos deixaram a sala, e somente o doutor retornou. Luciano questionou o motivo da consulta inesperada. “O INSS resolveu reconsiderar alguns casos em especial, e o seu é um deles”, respondeu o perito ao entregar sem nenhum questionamento o laudo que reconhece o direito ao benefício.

A atenção do perito surpreendeu Luciano. “Mesmo não me examinando como deveria, ele me ouviu e me concedeu o benefício”, diz.

Até 21 de maio Luciano poderá se reabilitar para retomar o trabalho. “Não sei se estou mais feliz ou mais revoltado. Nas outras duas vezes que estive aqui minha situação era pior ainda, e só agora reconhecem que eu não tenho condições de trabalhar”, desabafa.

Dessa vez o laudo com o parecer da perícia aparece assinado pelos dois médicos que participaram da consulta. “Só quando não convêm, eles não assinam. Quando o parecer deles vai de encontro com que o trabalhador quer, eles assinam, mas quando eles não concedem o benefício usam a assinatura do presidente do INSS”, diz Luciano.

“A impressão que a atitude do INSS passa é que eles querem abafar o caso. As pessoas prejudicadas precisam recorrer à Justiça ou a imprensa para serem bem atendidas”, desabafa Luciano.

Depois que saiu da sala do médico, onde só são realizadas consultas especiais, Luciano tinha algumas dúvidas quanto ao depósito do benefício, já que há dias está sem receber. A prontidão do atendente foi notável. “Ela me atendeu bem, respondeu com muita atenção e ainda disse que se no começo de maio eu ainda não estiver bem, posso voltar aqui, realizar uma nova perícia e me afastar por mais tempo”, conta Luciano.

“É triste saber que só fui bem atendido porque tinha o amparo da imprensa. Coitados daqueles que dependem apenas da burocracia do INSS”, desabafa. (Supervisão de Guilherme Yoshida)



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