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Político de Santo André é preso por crime de racismo contra GCM

Adriano Pieroni teria iniciado discussão em frente a velório de São Caetano

Por Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
05/04/2012 | 07:00
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O vice-presidente do PSDC de Santo André, Adriano Giovanni Pieroni, 47 anos, está preso na cadeia pública de São Caetano desde a madrugada de terça-feira. O político foi indiciado por crimes de injúria racial e desacato, após acusação de ter chamado o guarda-civil municipal Jucélio Marciano da Silva, 38 anos, de "preto e macaco". Na delegacia, Pieroni negou o crime.

O incidente ocorreu em frente ao velório municipal, pertencente ao Hospital São Caetano, na região central da cidade. Ali, além de Jucélio, outros dois guardas-civis faziam o patrulhamento do local - três pessoas estavam sendo veladas e o movimento era intenso. Entre elas, Eduardo Augusto de Rezende, 47, de São Caetano, primo de Pieroni, morto com vários tiros no rosto - o assassinato está sendo investigado pelo 95º Distrito Policial de São Paulo, localizado no bairro Heliópolis.

Ao retornar da padaria e ter se deparado com os guardas, Pieroni teria se revoltado. "Vocês ficam aqui na frente do velório fazendo nada. Vão prender ladrão, seus m...", teria dito o político, conforme declaração registrada no boletim de ocorrência.

Na sequência, teria agredido verbalmente a vítima por ser negra. "Além de palavras de baixo calão, ele disse que ‘preto não é gente' e me perguntou se eu ‘queria banana'. Sem truculência, dei voz de prisão e fomos para o 1º Distrito Policial da cidade", contou Jucélio, há dez anos na corporação e pai de três filhos.

No depoimento prestado na delegacia, o político de Santo André admitiu ter bebido duas doses de vodka e uma cerveja, e comido um sanduíche, em padaria próxima ao velório, antes de passar pela viatura estacionada da GCM e iniciar a discussão. O indiciado, segundo o boletim de ocorrência, estaria embriagado, com fala desconexa e andar cambaleante - Pieroni fez exames de sangue para medir o teor de álcool e de corpo de delito para averiguar se havia marca de agressão, conforme alegou ter sofrido.

O titular do 1º Distrito Policial de São Caetano, Francisco José Alves Cardoso, disse que a conduta do indiciado foi típica de quem comete esse tipo de crime. "A postura dele, ainda, foi bastante aviltante. Uma espécie de exploração de prestígio, ao afirmar que era ‘deputado federal e ‘ex-policial da Rota', o que não se confirmou", disse.

Se condenado pelos dois crimes, o dirigente partidário poderá pegar até cinco anos de prisão - neste caso, não é afiançável. O TJ (Tribunal de Justiça) não conseguiu confirmar se pedido de liberdade provisória foi protocolada no Fórum de São Caetano. A Secretaria de Segurança Pública do Estado não respondeu ontem se o político pertenceu à Rota nem o motivo do assassinato do primo.


Reincidente em confusão, dirigente é afastado do partido

Não é a primeira vez que o dirigente partidário Adriano Giovanni Pieroni, que ontem foi afastado do cargo pela direção do PSDC de Santo André, tem incidente com a GCM (Guarda Civil Municipal) de São Caetano.

Em junho de 2011, foi preso em flagrante após ter atentado contra a vida da então mulher, das duas filhas e da sogra, conforme o Diário publicou na edição do dia 29.

"Foram episódios que não estão relacionados, mas realmente envolveu nossa corporação", afirmou o camandante da GCM de São Caetano, Lourival dos Santos Silva, há 18 anos como guarda-civil e há quatro meses como responsável pelo efetivo de 500 profissionais.

O comandante, que também estava de plantão naquela ocasião, lembrou que Pieroni, visivelmente descontrolado, invadiu a sede da corporação com o veículo e uma faca na mão. A reação de fúria veio após ver a família ter se refugiado na sede da guarda em outro carro.




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