O prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV), criou 105 cargos comissionados em 90 dias de governo, o que significa mais de uma vaga preenchida por dia. O total de R$ 327 mil gastos com folha de pagamento que a administração alcançou nesse primeiro trimestre é igual ao deixado por Maria Inês Soares (PT), então prefeita da cidade, em dezembro de 2004. O prefeito tem à disposição, atualmente, 270 funcionários contratados em comissão, contraponto explícito às propostas apresentadas durante a campanha: redução de gastos e dos cargos de confiança.

No início de março, o prefeito encaminhou projeto de reforma administrativa à Câmara que extinguiu 28 cargos comissionados e criou outros 69. O resultado dessa primeira conta é um salto de 202 para 244. Com o texto da mini-reforma aprovado semana passada, mais nove postos de confiança foram extintos, só que outros 36 surgiram, alterando o saldo final para 105 novos cargos.

“Houve ampliação no número de alunos em escolas de arte. Nós esperávamos 1,5 mil e encontramos 3 mil alunos. Nós não tínhamos cargos para absorver isso”, justifica Clóvis Volpi. “Cancelamos cargos (com salários) de altos valores e criamos outros (com salários) de baixos valores. Não mudou nada na folha de pagamento”, diz o prefeito.

Os nove cargos extintos semana passada tinham subsídio que variava de R$ 1,6 mil a R$ 3,18 mil. Os novos contratados receberão entre R$ 490 e R$ 815 por mês. “Essas contratações não mudam em nada os gastos que somavam R$ 22 mil com os nove demitidos. Os mesmos R$ 22 mil garantem 36 novos contratados”, diz o prefeito.

O secretário de Governo, José Valentim Seraphin, afirma que a prometida contenção de despesas virá, mas em outras áreas. “São coisas que não aparecem, como corte nos gastos com energia elétrica, água e combustível em todos os setores da Prefeitura”, diz ele.

Para a oposição, o prefeito não está cumprindo com compromissos assumidos durante a campanha eleitoral. “O que ele pregou a campanha inteira, que era desfazer a lotação de (cargos) comissionados dá para perceber que não vai fazer”, diz Mário Nunes, presidente do PT de Ribeirão Pires e secretário de Participação Cidadã na gestão anterior.