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Tigre comemora aniversário e visa elite
Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
22/12/2008 | 07:01
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Edgar Montemor, presidente do São Bernardo


O São Bernardo Futebol Clube comemorou no sábado (20) seu quarto aniversário. Fundado com o objetivo de ser um time que representasse a cidade da mesma forma como as vizinhas Santo André e São Caetano têm, suas equipes, o Tigre soma neste pequeno período algumas marcas importantes, como dois acessos no Campeonato Paulista (da Segunda Divisão para a A-3, em 2005, e da A-3 para a A-2, este ano), uma semifinal de Copa São Paulo de Juniores (eliminado em 2007 pelo Cruzeiro) e uma semifinal de Copa Paulista de Futebol (eliminado em 2006 pela Ferroviária), entre outros fatos, como a revelação de atletas que se transferiram para grandes equipes do futebol brasileiro e mundial, como Rafinha (atualmente no Corinthians) e Felipe Manoel (Villareal, da Espanha).

Com um projeto ambicioso de disputar a elite do futebol estadual em 2010, o presidente Edgard Montemor Filho conta algumas histórias desses quatro anos de clube, fala sobre o trabalho com as categorias de base e os treinadores, Lei Pelé e relembra, ano a ano, a evolução da equipe. O dirigente fala também sobre as expectativas para 2009, quando a cidade passará a ser comandada por um prefeito que não é ligado ao grupo político de seu pai e presidente de honra do clube, Edinho Montemor. Ele, aliás, é contundente ao falar sobre o assunto: "O São Bernardo Futebol Clube não tem qualquer vínculo com a política."

DIÁRIO - Quatro anos após a fundação, como você vê a evolução do São Bernardo?
EDGARD MONTEMOR FILHO Quando o clube foi fundado em 2004, nosso planejamento era de estar na Primeira Divisão em cinco anos e temos o ano que vem para cumprir essa meta. Esses quatro anos foram excelentes. Subimos logo no primeiro ano (da Segunda Divisão à Série A-3 do Paulista), o que foi ótimo, porque foi um campeonato desgastante, difícil e longo. Depois, a gente ficou na A-3 por três anos, pegando experiência e nesse ano conseguimos o acesso. Não cometemos os mesmos erros e subimos. Espero que no ano que vem a gente consiga subir mais uma vez.

DIÁRIO - Na Copa São Paulo de Juniores de 2007 a equipe foi semifinalista. Investir nos jovens é o caminho?
EDGARD - O clube que tem as categorias de base gasta menos, porque vai formar o seu próprio jogador. Ao invés de trazer um atacante e pagar quatro xis de salário, você forma um atacante e paga só xis. Além disso, é um atacante que gosta e cresceu no clube, que tem identificação com a cidade, com a torcida e o sonho de vestir a camisa do time profissional.

DIÁRIO - Para um clube como o São Bernardo, qual é a interferência da Lei Pelé?
EDGARD - Nas categorias de base não tem o que fazer. Mas no profissional não atrapalha em nada. Alguns clubes reclamam que ficam à mercê de empresários, que os jogadores saem a hora que quiserem. Mas isso não acontece se o pagamento for feito em dia e o contrato for bem feito. A Lei Pelé tem suas falhas, principalmente em relação aos jogadores da base, mas os dirigentes criticam como desculpa para sua incompetência.

DIÁRIO - Nesses quatro anos, como você faria uma breve retrospectiva do São Bernardo?
EDGARD - O ano de 2005 foi de aprendizado e, apesar de alguns erros, fomos recompensados com o acesso. Já em 2006 montamos um time forte, mas faltou união e isso fez a diferença. Em 2007, novamente fizemos um bom campeonato, mas apesar de ser um grupo unido, faltou experiência para a diretoria, jogadores e treinador. Neste ano, com certeza também tivemos falhas, mas os problemas dos anos anteriores deixamos para trás. Contratamos um treinador experiente (Lelo), trouxemos jogadores com espírito vencedor e quando chegamos ao quadrangular final, sabíamos exatamente o que tínhamos de fazer e isso culminou no acesso.

DIÁRIO - E para conquistar o acesso à Série A-1 no ano que vem, o que é necessário?
EDGARD - Temos que procurar fazer o que fizemos de bom nesses quatro anos, ver também os erros, e buscar o melhor dentro disso: montar um clube com funcionários e jogadores com o objetivo de subir. Vai ser muito difícil. A Série A-2 tem equipes tradicionais e 17 dos 20 clubes já estiveram na elite (com exceção de São Bernardo, Monte Azul e Flamengo). Mas estou otimista.

DIÁRIO - Como é a estrutura do clube e quais os planos para o futuro?
EDGARD - Hoje, a gente depende da prefeitura para arranjar campo para treinar, mas temos um projeto de construção de um CT (Centro de Treinamento). O Clube da Volks, onde a gente tem o alojamento e treina, é municipal, mas acho que nada mais justo ceder para o São Bernardo e ajudar, porque é o time que representa a cidade e traz alegrias.

DIÁRIO - Com um novo prefeito - Luiz Marinho (PT) assume no lugar de William Dib (PSB) no dia 1º de janeiro -, o São Bernardo pode enfrentar algum problema?
EDGARD - Nenhum. Pelo contrário. O PT tem por história ser um governo voltado para o povo e, se bobear, talvez a gente tenha mais torcedores no estádio. Não tem porque ter boicote ao São Bernardo.

DIÁRIO - Como você vê o fato de as pessoas ligarem o São Bernardo a política pelo fato de seu pai (Edinho Montemor, presidente de honra do clube) ter exercido diversos mandatos na cidade?
EDGARD - Aqui a gente faz o futebol com amor. O São Bernardo é futebol, nunca foi vinculado com outra coisa, seja política ou religião. O único objetivo do clube é chegar na elite do futebol paulista e depois do brasileiro, porque a cidade merece, tem quase 1 milhão de habitantes que adoram futebol, quase 40 campos de várzea, e não tinha um time. Quero deixar claro que o São Bernardo é um time da cidde. Não é meu, nem do meu pai, nem do prefeito que saiu ou do que vai chegar. Apesar de pouco tempo, é um patrimônio da cidade e que vai ficar para sempre.

DIÁRIO - O clube tem como característica trabalhar com os treinadores a longo prazo. Isso faz diferença?
EDGARD - É um diferencial. Na maioria dos clubes não é assim, mas os que fazem dessa forma são vencedores. O São Paulo está há três anos com o Muricy Ramalho e em alguns momentos pediram a demissão dele, mas ele ficou e hoje é tricampeão (brasileiro). O São Bernardo tem a mesma mentalidade. Ouvi uma entrevista do Juvenal Juvêncio (presidente do São Paulo) e ele disse que se tem um profissional de caráter, que pensa igual a diretoria e é competente, tem de segurar a bronca. Se tivéssemos mandado o Lelo embora quando estávamos em 17º lugar na tabela, talvez não tivéssemos subido.




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