Economia Titulo Indústria
IPI reduzido beneficiou
apenas bens de consumo

O desconto gerado nos preços dos produtos oferecidos no
varejo elevou as vendas, ajudando na desova dos estoques

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
05/01/2013 | 07:30
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A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros e caminhões zero-quilômetro, linha branca, móveis e materiais de construção que vigorou durante a maior parte do ano passado beneficiou apenas alguns ramos de atividade da indústria brasileira, a exemplo dos bens de consumo, e não foi suficiente para segurar a queda do setor. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados ontem apontam que, de janeiro a novembro, a produção industrial amarga queda de 2,6%, na comparação com o mesmo período em 2011.

O desconto gerado nos preços dos produtos oferecidos no varejo elevou as vendas, o que ajudou na desova dos estoques. O movimento, porém, não foi forte o bastante para impactar na produção. "O crescimento obtido a partir do segundo semestre, estimulado pelo aumento das vendas, não foi suficiente para recuperar as quedas obtidas durante os cinco primeiros meses do ano", explica André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE.

Na comparação entre outubro e novembro de 2012 com o mesmo período de 2011, a indústria apresentou alta de 0,8%. No caso de bens de consumo, porém, a expansão é bem mais significativa, com elevação de 9,4%.

Das 27 atividades analisadas pelo estudo, 17 estão com desempenho negativo no acumulado do ano. Um dos segmentos mais afetados foram veículos automotores, o que inclui a fabricação de carros, caminhões e autopeças, com queda de 13,3% até novembro.

Mesmo vendendo bem, no caso dos automóveis, já que os modelos com motor 1.0 tiveram desde maio o IPI diminuído de 7% para zero, o que baixou os preços em até 10%, muitos dos componentes vieram de fora, ou seja, não foram fabricados no País, e milhares das unidades comercializadas faziam parte do alto estoque que, por conta do IPI reduzido, baixou de 40 dias no fim de 2011 para 20 dias no mesmo período no ano passado.

A indústria automobilística sofre muito com a competitividade desleal com os itens importados - o câmbio, que em maio superou a barreira dos R$ 2 e hoje está cotado em R$ 2,04, ainda segue abaixo dos R$ 2,30 desejáveis para começar a barrar a entrada indiscriminada dos produtos de fora, e mais aquém ainda dos R$ 2,50 necessários para melhorar as exportações.

Além disso, lá fora as economias ainda não se recuperaram da crise internacional, especialmente a Europa, o que dificulta ainda mais o cenário. A inadimplência (dívidas não pagas acima de 90 dias) do consumidor também segue alta, somando R$ 44 bilhões, o que representa 7,8% do total dos financiamentos.

No caso dos caminhões, mesmo com o IPI reduzido de 5% para zero e a diminuição do PSI-Finame para 2,5% ao ano, a produção não deslanchou, amargando queda de 20%. Isso ocorreu devido ao ritmo lento da economia, que demandou menor volume de transporte de cargas, e ao fato de ter havido a antecipação das compras no fim de 2011, quando o governo determinou nova norma de emissões de poluentes para caminhões, o que implicou a mudança da motorização de Euro 3 para Euro 5. Os modelos em vigor desde então custam 15% mais.

 

 




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