Neste ano, as sete cidades contabilizaram 629 casos confirmados de dengue, sendo 42,4% deles registrados em Diadema. Em segundo lugar fica o município de São Bernardo (117), seguido por Santo André (100), Mauá (29), São Caetano (17) e Ribeirão Pires (4). Rio Grande da Serra não registrou casos em 2011.

Do total, 44,1% dos casos são importados, ou seja, foram contraídos fora do município, mas tratados pela rede de Saúde. Em relação a 2010, exceto por Diadema, todas as cidades do Grande ABC registraram queda no número de doentes confirmados. A maior redução proporcional foi observada em Mauá (63%).

Embora as prefeituras realizem as ações preventivas com frequência, o trabalho de nada vale sem a colaboração dos moradores. Segundo a supervisora de agentes de zoonoses de Diadema, Dejanira Benedito Moysés, que trabalha há 13 anos no combate à dengue, as pessoas sabem o que é preciso fazer para evitar a doença, mas ignoram o apelo da Prefeitura.

"Mesmo conhecendo as recomendações, muitos deixam plantas com água nos vasos e caixas d'água abertas. É difícil realizar um bom trabalho", comenta. Naqueles em que o morador autoriza a entrada, o quintal, a lavanderia e a cozinha são os locais mais visitados pelos agentes.

RESISTÊNCIA

Para a psicóloga e professora da Faculdade de Medicina do ABC Maria Regina Domingues de Azevedo, o índice de recusa é elevado porque a maioria das pessoas não gosta de ver seus erros apontados. "Ninguém gosta de ser confrontado. Mas é preciso entender que a questão vai além do próprio umbigo. A falha em cumprir o dever de cidadão e cuidar para que não haja criadouros em casa pode colocar a própria pessoa, além da família e vizinhos, em risco."

Outro fator, o medo de assaltos, é apontado como um problema difícil de ser equacionado. "Infelizmente o medo paralisa as pessoas e gera uma barreira de contato social difícil de ser transposta", pondera.